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Os incas são os mais conhecidos, mas não foram os primeiros a pisar no Peru. Há quatro mil anos, enquanto o Antigo Império egípcio se erguia, uma misteriosa civilização ultrapassava a Cordilheira dos Andes e erguia monumentais construções no solo andino. Sabe-se muito pouco sobre eles, mas na última semana foram descobertas novas peças desse quebra-cabeça: dois templos religiosos de 150 metros de comprimento por 70 metros de largura. As imponentes construções, localizadas no complexo arqueológico de Collud-Zarpán (litoral norte do Peru), têm entre quatro mil e três mil anos de idade. "É um dos mais importantes santuários já encontrados", disse Walter Alva, arqueólogo que liderou a exploração.

i71671.jpgSegundo os pesquisadores, os templos fazem parte da cultura cuspinique, uma das várias que deram origem ao Império Inca. Esse povo é tido como o mais antigo das Américas. As peças, agora descobertas, mostram que eles eram exímios e dedicados artistas. Utilizavam argila e pedras preciosas para elaborar artefatos de guerra, cozinha, amuletos e adornos para o corpo. Suas técnicas de alvenaria serviram de base para as cidades incas. As grandes construções desse antigo povo eram decoradas por desenhos que representavam estranhas divindades antropomórficas. "A representação que encontramos é uma mistura de felino, homem, aranha e ave", diz Alva. Segundo pesquisadores, esses antigos povos utilizavam plantas alucinógenas com fins espirituais, costume que permanece até hoje entre os moradores da região. Por causa das semelhanças entre os cuspiniques, habitantes do litoral, e os chavins, que viviam nos Andes, os antropólogos acreditam que havia um intercâmbio entre as antigas civilizações no Peru – mesmo tendo entre elas a Cordilheira dos Andes.