Só em 2036 haverá um fenômeno celeste parecido. Ao cair da tarde, de quarenta e cinco minutos até uma hora e meia após o pôr-do-sol, quem olhar para o céu poderá avistar cinco planetas dispostos praticamente numa linha reta. Mesmo Mercúrio, o mais discreto deles, estará à mostra. Numa mesma linha, cruzando o céu de oeste em direção ao leste, será possível enxergar Vênus, Marte, Saturno e Júpiter. Até os primeiros dias de abril, a Lua também participa do espetáculo celeste. Mas a grande estrela da temporada será o planeta Vênus, a cada dia mais brilhante, que alcança seu esplendor no dia 8 de junho. Só então o planeta cruza à frente do Sol, num evento que a humanidade não testemunhava há 122 anos. Embora seja importante para os astrônomos, pela raridade, o alinhamento de cinco planetas tem pouca relevância para a astrologia. Quem já começa a fazer a cabeça dos esotéricos é mesmo Vênus, ou estrela-d’alva, também conhecido popularmente como a lanterna da noite.

“Vênus é a portadora dos acordos internacionais, de grandes pactos de guerra ou de paz”, explica a astróloga Bárbara Abramo. Por esse aspecto, sua aproximação traz a possibilidade de acirrar os atritos internacionais, ou então, de promover convivências pacíficas. “É bom lembrar que Vênus estava em posição elevada no mapa astral da invasão americana no Iraque”, recorda a astróloga. Ela ainda lembra que Vênus é o planeta que rege o islã. Assim como Saturno é o planeta do judaísmo; Júpiter, o do cristianismo; e Mercúrio, o que rege o budismo.

Apesar de Vênus ser a estrela do momento, é Marte quem monopoliza as atenções. Nunca se soube tanto sobre um outro planeta, em tempo real, pelas telas da tevê e da internet. A corrida entre europeus e americanos para revelar a presença de água em solo marciano está mais acirrada do que durante a guerra fria, quando EUA e União Soviética disputavam a primazia de enviar astronautas ao redor da Terra. A primeira revelação de que havia água no planeta Marte veio em 2000. Só que desde o início deste ano, as novidades mudam a cada dia. Numa semana é a vez dos discretos europeus anunciarem a presença de água congelada no pólo sul de Marte. Dias depois, vem a agência espacial americana Nasa, com seu habitual estardalhaço e novo anúncio. Na terça-feira 23, a bola da vez foi a sonda robô Opportunity, que revelou indícios da existência em Marte de um oceano de água salgada. Apesar de comemorada como um grande feito, a descoberta não representa uma resposta definitiva se houve ou não vida em solo marciano. A presença de água salgada indica algo importante, porém: que o clima no planeta vizinho não foi sempre assim, inóspito. E que sua temperatura já foi mais amena do que os 55ºC negativos de hoje em dia.