Ao votarem pelo projeto que extingue os 14o e 15o salários de todos os parlamentares, os deputados, na opinião do presidente da Casa, Henrique Alves, ficaram mais próximos da sociedade. A noção de proximidade e distanciamento é relativa no campo da física mas absoluta no da moral: os dois salários a mais, que somando-se deputados e senadores implicavam gasto adicional de R$ 113 milhões com dinheiro público, eram a mais rematada imoralidade. Feita essa primeira lipoaspiração na gordura da remuneração, sobrou ainda farto tecido adiposo a distanciar parlamentares e povo. A coisa melhora se passarem o bisturi nos salários extras que parlamentares recebem quando começam e terminam mandatos, nas verbas de gabinete e nos auxílios-moradia. Novamente somando-se deputados e senadores, às expensas do erário público lá se vão com isso R$ 140 mil per capita. Multiplicando-se por 594 parlamentares, se estancaria uma sangria de R$ 83 milhões ao ano.