A médica Virgínia Souza, apontada como a anja da morte, até a semana passada chefiava a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Ela é acusada de ao longo de sete anos escolher quem viveria e quem morreria por abandono ou procedimentos de diminuição de oxigênio em sua UTI – e, segundo a polícia, fazia morrer antes, sempre, os pacientes do SUS. Virgínia está presa e foi indiciada por homicídio. Gravações feitas durante as investigações registram algumas de suas falas: “Quero desentulhar a UTI, que está me dando coceira.” Ou então: “É nossa missão intermediar pacientes no trampolim para o além.” A médica nega as acusações, mas uma funcionária diz que a via tratar com desdém pacientes pobres quando eles sofriam parada cardíaca. Segundo essa funcionária, Virgínia gritava para as enfermeiras “SPP” (significa “se parar, parou”, referindo-se ao coração) quando tratava os internados pelo SUS, e só atuava para salvar enfermos particulares ou conveniados.