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A mostra “Meridianas” de Geórgia Kyriakakis, contemplada pelo prêmio Funarte de Arte Contemporânea de 2012, é uma excelente oportunidade para ver de perto o percurso de um artista em torno de suas inquietações e provocações pessoais. Vislumbrar tal processo de maneira panorâmica é algo raro, dado que, na maioria das vezes, experimentamos a prática de um artista separadamente de seu contexto maior, seja por contingências mercadológicas, seja por inconstâncias no percurso criativo ou por dificuldades de acesso a condições expositivas ideais para o trabalho.

A exposição em questão traz seis obras que compreendem a pesquisa de Geórgia, realizadas entre 2011 e 2013, em torno de temas como a instabilidade e a fragilidade como potências para a criação. Na instalação inédita – que nomeia a exposição – está o resultado provisório da pesquisa interminável da artista sobre as vibrações secretas dos objetos demovidos de suas funções convencionais. A obra é composta por duas cadeiras distanciadas e interligadas apenas por um monte contínuo de pó de metal carbonizado que parece flutuar.

O pó de metal carbonizado será presença comum em outras obras na exposição, na qual o mobiliário também aparece como signo da instabilidade. Por exemplo, a ação escultórica “Coordenadas”, de 2011, em que um grupo de mesas desafia a gravidade ao permanecerem suspensas no ar, e em diferentes posições, equilibradas delicadamente pelo pó de metal encontrado sob elas. “A relação entre o vertical e o horizontal, que pode também ser pensada como nivelamento e lastro, contribui para as operações de desajuste das peças. Acho que o diálogo entre os trabalhos se dá pelas relações e aproximações materiais, pela natureza dos objetos, mas, sobretudo, pela situação de cada trabalho. Não há nada ali que esteja totalmente equilibrado ou desequilibrado, há sempre um índice de estabilidade, mesmo que frágil”, explica Geórgia. Nina Gazire 


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