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REAÇÃO Na indústria, melhora de 1,86% ainda é tímida, mas consistente

Enquanto países como Estados Unidos e Espanha celebram uma modesta desaceleração nos índices de desemprego – e amargam a dura experiência de quem passou pela crise financeira de forma dramática, o Brasil comemora um feito que poucos esperavam ser possível no início deste ano: a criação de mais de um milhão de vagas de trabalho. É bem verdade que o emprego ainda não voltou às taxas pré-crise, mas o saldo positivo registrado no acumulado dos 12 meses – em que está incluso o último trimestre de 2008 e suas demissões em massa – mostra que a estratégia de desoneração de bens de consumo adotada pelo governo surtiu, de fato, efeito. Neste Natal, uma parcela importante da população economicamente ativa está ganhando de presente o retorno ao emprego.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que até outubro cerca de 1,15 milhão de postos de trabalho foram criados neste ano. É um número considerável, principalmente quando, no início de 2009, o governo ainda tentava encontrar maneiras de ampliar as parcelas do seguro-desemprego para evitar um colapso econômico em alguns estados, como Minas Gerais, onde as demissões no setor mineral e siderúrgico quebraram recordes. Nos dez primeiros meses deste ano a construção civil foi a que mais empregou. De acordo com o Ministério do Trabalho, o setor criou 210 mil vagas, um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A agricultura também avançou e mais de 115 mil vagas foram abertas. A indústria teve saldo positivo, mas com um crescimento mais tímido: 1,86%.

Todos esses números referem-se apenas ao ano de 2009 e não foram afetados pelos meses mais críticos da crise que desembarcou no País em outubro do ano passado. Quando a análise é feita tendo como comparação o acumulado dos 12 meses, os resultados são bons, mas estão longe dos números recorde registrados este ano. Entre outubro de 2008 e outubro de 2009, por exemplo, o número de vagas criadas cai para 467 mil. Isso acontece porque o Caged contabiliza o número de empregados em cada mês e o número de pessoas que perderam o emprego naquele mesmo mês. O saldo do acumulado dos 12 meses na indústria, por exemplo, ainda é negativo em 216 mil vagas.

A expectativa do governo é de que os índices retornem aos patamares pré-crise já no ano que vem. Ainda que no acumulado dos 12 meses os resultados não sejam perfeitos, mesmo assim são surpreendentes. “O mercado de trabalho reagiu de forma melhor do que se imaginava”, diz Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados. “No começo do ano, o mercado recuperou vendas por causa do aumento do emprego e do reajuste salarial. A partir daí, a recuperação deveu-se ao governo, que estimulou a expansão do crédito, e às empresas, que ampliaram os prazos”, diz o diretor-executivo da Fecomércio, Antônio Carlos Borges.

De fato, as medidas de combate à estagnação econômica adotadas pelo governo estão surtindo efeito. A desoneração de bens de consumo duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e, agora, móveis, fez com que o mercado interno se libertasse de algumas de suas amarras para mostrar a força que tem. Força, no entanto, que não foi capaz de acelerar a economia no ritmo que o governo esperava. De acordo com o IBGE, o PIB do País avançou apenas 1,3% no terceiro trimestre. Poucos duvidam que o Brasil conseguirá de fato ter um crescimento robusto em 2010. As dúvidas, no entanto, residem em até quando o governo conseguirá continuar abrindo mão de receita para estimular a economia sem comprometer as metas de superávit fiscal e sem gerar pressão inflacionária.

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