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Quem apostou nos efeitos negativos que a desaceleração da economia brasileira traria para os índices de emprego errou feio. Embora a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido tímida em 2012, próxima de 1%, a taxa de desocupação fechou o ano em apenas 5,5%. Melhor ainda: o índice registrado em dezembro, de 4,6%, significa o menor patamar de toda a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em março de 2002. Mesmo na indústria, onde a produção caiu 2,7%, o nível de emprego não recuou e o setor criou mais de 86 mil novas vagas. A título de comparação, o desemprego na zona do euro atingiu, no ano passado, recordistas 11,4%. Nos Estados Unidos, ficou em 7,8%. Além disso, o estudo International Business Report, da Grant Thornton, mostrou que 42% das empresas brasileiras contrataram nos últimos 12 meses – o maior nível desde 2009 –, enquanto a média global foi de 24%. A explicação para esse cenário está essencialmente na perspectiva de recuperação dos agentes econômicos. “Os empresários não estariam mantendo seus empregados se não houvesse expectativa de crescimento da economia”, afirma Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Unicamp. “Ninguém gosta de perder dinheiro e o custo de não estar preparado para a retomada é mais elevado.” A rápida recuperação do País na crise internacional de 2009 – quando o PIB caiu 0,2% para depois apresentar o resultado vigoroso de 2010, 7,5% – pode ter servido de lição para os empresários.

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De acordo com o IBGE, nos últimos dez anos o percentual de trabalhadores com carteira assinada passou de 39,7% para 49,2%. A formalização dos empregos foi acompanhada por um salto de 27,2% no poder de compra dos brasileiros, especialmente nos setores de serviços domésticos e construção. Na abertura de vagas, o setor de serviços (que abrange comércio, restaurantes e escolas) destacou-se como um todo, beneficiado principalmente pela expansão da renda e do consumo. Segundo especialistas, essa situação deve permanecer. A pesquisa da Grant Thornton mostra que 24% dos empresários pretendem reajustar os salários de seus funcionários acima da inflação nos próximos 12 meses. “Para o Brasil, onde há cada vez mais uma escassez de mão de obra qualificada, a tendência é de aumentos acima da inflação para funções e cargos mais qualificados”, diz Paulo Sergio Dortas, sócio-diretor da Grant Thornton do Brasil. A contratação desses profissionais disputados pelo mercado é fundamental para a melhora da competitividade do País. Ainda que a proporção de trabalhadores com 11 anos ou mais de estudo tenha subido de 34,3% (em 2003) para 47,2% (em 2012), no curto prazo o Brasil terá de importar mão de obra qualificada para suprir a defasagem de alguns setores, implantando uma série de medidas para facilitar a entrada de estrangeiros. Se ele existe, o paraíso dos empregos é aqui.

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