Invadir propriedade alheia é crime – e, portanto, uma forma antidemocrática de se fazer quaisquer reivindicações. Assim agiram os cerca de 100 assentados que ocuparam às seis horas da manhã da quarta-feira 23 a sede do Instituto Lula em São Paulo. A intenção era fazer com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se visse forçado a intervir junto à presidenta Dilma Rousseff na assinatura do decreto de desapropriação de área no interior paulista para assentar 70 famílias. “Se o movimento queria dar visibilidade à causa, talvez tenha conseguido. Mas o instituto não interfere em decisões do governo”, declarou imediatamente – e acertadamente – o diretor Luiz Dulci. Tentar colocar Lula na situação de refém político dos sem-terra foi no mínimo má-fé dos manifestantes, e o ex-presidente não negociou absolutamente nada. Na quinta-feira, após 32 horas de ocupação, les deixaram o local. Depenaram, segundo funcionários, a geladeira: foi-se a carne, foi-se a manteiga, foram-se as frutas.