Se o sonho de trocar o carro pela bicicleta vinha sendo adiado por causa do sedentarismo, medo de subidas ou horror de chegar suado ao trabalho, há uma boa notícia. Sucesso na Europa, nos Estados Unidos e na China, as bicicletas elétricas começam a conquistar espaço no Brasil. Importadas ou desenvolvidas por empresas nacionais e vendidas até pela internet, elas têm um pequeno motor movido a bateria de lítio ou chumbo, que é acionado sempre que o ciclista não quiser pedalar ou precisar daquele empurrãozinho para vencer o obstáculo. Ele pode ser acionado via acelerador, ou pedal nesse caso, começa a funcionar automaticamente assim que o ciclista demonstra dificuldade. “Diversas regiões possuem topografia complicada e, com a bicicleta elétrica, a pessoa pedala em trechos fáceis e acelera nas subidas”, diz Fábio Luchetti, da Porto Seguro, que há dois meses comercializa o modelo Felisa. Há também as motorizadas, com motor de 50 cilindradas a gasolina.

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BRASILEIRA A Felisa possui 21 marchas, tem autonomia de até 40 km e chega a 35 km/h

Cada tipo tem prós e contras. O principal apelo das elétricas é ecológico. São silenciosas e não poluem cabe apenas ao usuário cuidado na hora de descartar as baterias, que duram cerca de 350 cargas e custam em média R$ 400. As motorizadas, que remetem ao tempo das mobiletes, sucesso nos anos 80, são mais velozes, potentes e têm maior autonomia. Embora sejam mais pesados que as bicicletas convencionais, esses modelos têm conquistado clientela. A China produz 20 milhões de bikes por ano, das quais seis milhões são elétricas. No Brasil, a EcoBike, que importa o produto semimontado da China, produz 60 mil elétricas por mês. A maioria é destinada à exportação. A brasileira BigBikes produz bicicletas e scooters elétricas e também é importadora. O consultor de marketing Saul Lemos tem uma delas. Aos 50 anos, 1,80 m de altura e 70 kg, ele percorre pequenas distâncias intercalando pedal e motor. “O melhor é ficar longe do trânsito, não depender de transporte público e economizar gasolina”, diz.

Uma resolução, de maio, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), porém, pode ameaçar essas bicicletas envenenadas. Ela as equipara às motocicletas de 50 cilindradas, que necessitam de carteira de habilitação para ser conduzidas. Em boa parte dos países essa exigência não existe para bikes elétricas, pois são bem mais lentas. Para driblar a decisão do Contran, no entanto, alguns fabricantes como a Wind, que vende 400 bicicletas motorizadas por mês no País, passaram a produzi-las com motor de 49,9 cilindradas.

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