Assista ao trailer:

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GURU
Philip Seymour Hoffman como Dodd, o criador da
seita "A Causa": uso da hipnose para tratar as pessoas

Era para ser um retrato do surgimento de seitas místicas nos EUA no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, centrado na relação de dependência entre um guru e o seu seguidor.

Mas o filme “O Mestre”, que estreia na sexta-feira 25, terminou se transformando em um quebra-cabeça de difícil solução. O desvio de rota aconteceu porque, antes mesmo de dar início às filmagens, o diretor Paul Thomas Anderson declarou que a inspiração para um dos protagonistas – um misto de cientista, filósofo, charlatão e autor de autoajuda chamado Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman) – seria L. Ron Hubbar, o criador da cientologia. O que se seguiu foi um torvelinho de ameaças, desmentidos e acusações trocadas entre os seguidores da seita e os envolvidos na produção – e isso só atrapalhou a carreira do filme, premiado em Veneza, mas agora concorrendo a apenas três Oscars, o que é pouco para o seu fabuloso elenco.

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Nos bastidores, fala-se que a cientologia valeu-se de tudo para atrapalhar a realização da obra (a teria barrado nos estúdios Universal), o que levou a mudanças no roteiro. Filme pronto, Anderson abriu uma sessão especial para o ator Tom Cruise, o mais famoso adepto da seita, que teria odiado a sequência em que o filho de Dodd desconfia da honestidade do pai. No auge da polêmica, o diretor preferiu negar qualquer ligação entre o seu trabalho e a “igreja dos famosos”. Pontos de contato entre realidade e ficção, no entanto, não faltam. A começar pela escolha de Hoffman, bastante parecido com Hubbard. Focado no período em que o guru começa a dar corpo à suas ideias espirituais, o filme mostra a relação de dominação que ele teve com um torturado ex-mariner alcoólatra e obcecado por sexo, vivido por Joaquin Phoenix. No caso, a revelação de que Dodd seria inspirado em Hubbard só atrapalhou o mergulho no lado fictício do enredo.