Ela é linda, inteligente e milionária. Vive num universo de conto de fadas, cercada de todas as mordomias. Estampa as revistas de celebridades do mundo todo, mas ficou internacionalmente conhecida por seu ativismo social. Nem precisava, mas Rania ainda é rainha. A carismática exilada palestina casada com o rei Abdullah, da Jordânia, encarna a melhor representação da mulher do mundo árabe para o Ocidente. E faz questão de abrir todos os canais de diálogo possíveis para defender suas causas. A mais nova ferramenta é um recém-inaugurado canal no YouTube.

No primeiro vídeo postado, em preto-e-branco, a rainha defende, em inglês fluente, as novas tecnologias como instrumento para o entendimento e destaca que o YouTube é uma boa plataforma para o diálogo. “Em um mundo onde é muito fácil se conectar com o outro, ainda estamos bastante desligados”, opina, numa clara alusão ao descompasso entre o Ocidente e o mundo muçulmano e árabe. Ela disse querer acabar com os preconceitos, para que as pessoas conheçam seu povo “sem emendas, rasuras e sem filtros”.

ENGAJADA Ela quer quebrar estereótipos que cercam os árabes

Rania também pretende conversar com a juventude jordaniana, assídua freqüentadora do YouTube, que representa mais da metade da população de seu país (com um total de 6 milhões de habitantes). Ao contrário do que ocorre em outras localidades da região, como Arábia Saudita, Irã ou Síria, na Jordânia há fácil acesso à internet. A rainha tem convocado os jovens a ajudarem na tarefa de desanuviar as suspeitas que rondam seus compatriotas. E as desconfianças que eles próprios têm do mundo ocidental, principalmente dos Estados Unidos. Para estreitar ainda mais a comunicação, Rania pediu que os internautas enviem perguntas, que ela mesma se incumbirá de responder.

Mãe de quatro filhos e formando uma família declaradamente feliz e amorosa com o rei Abdullah, Rania ainda é criticada por muitos árabes e muçulmanos, que a consideram ocidentalizada em excesso. Mas não se importa e diz representar um grande segmento de mulheres do mundo árabe. “Eu gostaria de desfazer essa idéia de que todos são extremistas, de que somos um povo violento e de que a mulher é oprimida.” Suas principais bandeiras são a defesa da educação e a promoção do direito das mulheres.

Rania considera-se uma cidadã global. Diz que quer que seus filhos entendam o mundo como um todo. “Muitas vezes vemos os problemas do outro lado do planeta e achamos que não são nossos, mas são, pois o mundo está interligado”, costuma falar em palestras e entrevistas a líder palestina, que vislumbrou na internet uma das mais eficientes formas de concretizar essa aproximação.