GAROTOPROPAGANDA Schummy atuando na campanha Champions Drink Responsibly, lançada em Bruxelas

O macacão e o capacete vermelhos não fazem mais parte do vestuário de Michael Schumacher, sete vezes campeão de Fórmula 1. Schummy, como é chamado pelos amigos, é outro. Num figurino de executivo da Ferrari, ele veste calça cinza, camisa roxa e ostenta uma gargantilha com uma cruz cravejada de diamantes. Fora dos escritórios e longe das pistas, ele é o mais aguardado no lançamento da campanha Champions Drink Responsibly (Campeões bebem com responsabilidade), sobre a mistura de álcool e direção, lançada em Bruxelas, Bélgica, há duas semanas.

A bordo de velozes carros de Fórmula 1, Schumacher atingiu a incrível marca de um salário anual de US$ 60 milhões. Poderia estar tranqüilamente aposentado e também longe da adrenalina que pautou boa parte de sua vida. Mas Schummy não se contenta com os trabalhos internos de consultoria à escuderia que ajudou a levantar. Sempre que possível, ele abre mão do papel de executivo e atua como piloto de testes da equipe italiana. Mais do que isso: arrisca-se em um esporte que é ainda mais perigoso que a Fórmula 1, o motociclismo. Sua nova empreitada já lhe rendeu um quarto lugar na etapa do Moto GP da Hungria. "Estou procurando por coisas diferentes e duas rodas é uma delas, mas não pretendo seguir carreira", explica-se o alemão.

Mas, afinal, o que pensa o homem que esteve no topo, acostumou-se ao sucesso e após 15 anos viu sua majestade ser ameaçada por um espanhol 12 anos mais novo? Schummy evita comentar sobre Fernando Alonso. O alemão, porém, mostra-se solidário a Felipe Massa e fala com seriedade quando o assunto é a campanha em que está envolvido. Durante a conversa, é atencioso, permanece de olhos atentos e pensa antes de falar. Parece bem-humorado. Na medida do possível, faz algumas piadas com os presentes e sorri bastante. Foi neste clima descontraído que o maior piloto de todos os tempos, pelo menos em número de títulos, falou à ISTOÉ em uma entrevista exclusiva.

PELO BOM COMPORTAMENTO NAS ESTRADAS

ISTOÉ – Agora você trabalha como piloto de testes e consultor da Ferrari. Você se vê fazendo isso no futuro?
Schumacher –
Eu certamente continuarei fazendo isso por mais alguns anos na Ferrari. Quero desenvolver meu papel como conselheiro, o que é muito excitante. Como eu não tenho que estar sempre presente, então também é um bom compromisso.

ISTOÉ – Você pensa em abrir sua própria equipe?
Schumacher –
Não. ISTOÉ – Você acha que criou um estilo de dirigir? Schumacher – Eu não sei. Eu tive o meu estilo e não sei se alguém o copiou. Bons pilotos têm seu estilo, mas estão sempre abertos para observar detalhes que outros pilotos estão fazendo. Pode até ser um que chega em último, mas, se ele faz alguma coisa interessante, você tem que tentar também. Sempre tive esse princípio: estudar, observar, usar meu estilo, mas estar aberto.

ISTOÉ – E quanto a Felipe Massa? Ele tem futuro na Ferrari?
Schumacher –
Claro. Ele tem um contrato e acabou de assinar outro. Podemos sonhar com outras coisas, mas Massa dirigirá para a Ferrari.

ISTOÉ – Os jornais italianos dizem que você não quer Massa na Ferrari por achar que ele não tem o padrão da escuderia. Você acha que ele é um bom piloto?
Schumacher –
Estou convencido de que Felipe e Kimi (Kimi Räikkönen, campeão de Fórmula 1 em 2007) fazem a melhor combinação de pilotos do ramo. Se ele ganhar o campeonato no fim do ano, você não voltará a me perguntar isso. Claro que isso se torna um assunto polêmico depois de ele ter ido mal nas primeiras corridas (dias depois desta entrevista, o brasileiro ganhou o GP do Barein), mas Massa tem todas as qualidades para ser campeão. A Ferrari tem tradição de apoiar o piloto e maximizar seu talento. E tem tido sucesso.

ISTOÉ – Você acha que Alonso errou ao trocar a McLaren pela Renault?
Schumacher –
Me desculpe, você poderá ficar desapontada, mas isso é assunto dele. Eu não acho justo julgar, sendo que não sei de mais detalhes.

ISTOÉ – Você vê Alonso na Ferrari no próximo ano?
Schumacher –
Eu não sei o futuro da Ferrari e do Fernando Alonso. A Ferrari tem contrato com seus pilotos, então não creio que isso esteja aberto a discussões.

ISTOÉ – Você não acha estranho um dos pilotos mais rápidos do mundo fazer campanha de direção segura?
Schumacher –
Eu acho que é um jeito de olhar para isso. Por um lado, eu conheço o extremo, e por outro eu sei as regras para o bom comportamento nas estradas. Muitas pessoas conhecem minhas habilidades e acreditam no que digo. E certamente me sinto bem se posso ajudar outras pessoas. Eu tenho tudo o que pude sonhar e este é um jeito de devolver, de ajudar.

ISTOÉ – O que a campanha da Bacardi Champions Drink Responsibly significa para você?
Schumacher –
Estamos todos aqui tentando salvar vidas. Queremos chamar atenção para o problema, especialmente para jovens adultos, que não têm muita consideração quando se trata de beber e dirigir. Estamos fazendo a campanha não apenas por eles, mas também pelas outras pessoas. Meu trabalho está feito se conseguirmos poupar uma vida.

ISTOÉ – Você pretende continuar seu trabalho na área social?
Schumacher –
Há mais de dez anos eu venho participando desse tipo de iniciativa, então não há razão para dizer que acaba aqui.

"Estou convencido de que Felipe e Kimi fazem a melhor combinação de pilotos do ramo"