A cachaça 51 quer ganhar o mundo. A Companhia Müller de Bebidas anunciou na semana passada um plano ambicioso para transformar a pinga mais vendida no País em sinônimo de brasilidade, a exemplo do conseguido pela São Paulo Alpargatas, fabricante das sandálias Havaianas – um sucesso entre os descolados de Nova York, nos Estados Unidos, e da Côte d’Azur, na França. A empresa também quer pegar carona na boa fase do Brasil vivida no Exterior, impulsionada pelo futebol, pela modelo Gisele Bündchen e pelo apoio às exportações do governo Lula.

Para dar asas ao plano de internacionalização da bebida, a Müller, que tem sede em Pirassununga, interior de São Paulo, e fatura R$ 480 milhões
por ano, chamou um dos pesos pesados da
propaganda internacional, Nizan Guanaes, dono
da agência África. O publicitário baiano terá a missão de criar uma nova identidade para a 51 no Exterior, a exemplo do
slogan “51, Uma Boa Idéia”, elaborado aqui pela Lage Stabel (hoje conhecida como Lage Magy).

“Este é um projeto com que sonhei a vida inteira: fazer um produto brasileiro famoso no mundo. Agora, a 51 vai ser uma good idea mundial”, diz o publicitário. Por enquanto, a cachaça conta com um rótulo e a assinatura internacional “The Cool Spirit of Brazil”, um trocadilho que remete tanto para a temperatura ideal da caipirinha (gelada) quanto para o espírito “bacana” do povo brasileiro.

Como boa parte dos R$ 35 milhões previstos para serem gastos em marketing e vendas em 2004 serão destinados para as ações no mercado internacional, a meta da Müller é ousada: multiplicar por dois o 1,2 milhão de litros vendidos anualmente no Exterior nos próximos dois ou três anos. Hoje, a 51 é a quinta marca de destilados mais consumida no mundo, com 194 milhões de litros vendidos ao ano.

A estratégia da companhia e de Nizan Guanaes é iniciar a internacionalização por países onde a 51 já é conhecida e aceita
pelo público que identifica a bebida como brasileira legítima. A ofensiva vai começar por Portugal em março e se estender pela Alemanha
(a maior importadora da cachaça brasileira), Espanha, Itália, Inglaterra, Suíça e pelo Japão. O produto será o mesmo servido no Brasil. A diferença fica por conta do preço. Aqui, uma dose sai por R$ 0,50, e o litro, por R$ 2,80. Na Europa, a garrafa é vendida por cerca de 12 euros (R$ 43,20). Já a caipirinha, pela qual pagamos em torno de R$ 3,50, custa 10 euros (R$ 36) lá fora.