O cerco a josé serra
Quando presidente da República, a diversão predileta de Fernando Henrique Cardoso nos bastidores era dar estocadas no amigo José Serra. Irritadiço, o ex-ministro da Saúde só faltava explodir. Agora, ambos estão fora do governo, mas a guerra continua. Na quarta-feira 11, FHC declarou que o candidato a prefeito da capital tem que ser escolhido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Deu foi uma estocada em Serra, que agora é presidente nacional do PSDB: se ele não aceita ser candidato, deve desistir de tentar fazer de José Aníbal o escolhido. Aníbal é um inimigo figadal de Alckmin. E o governador, que também quer Serra como candidato, tem como segunda opção o secretário Saulo de Castro. Na verdade, o cerco a Serra dentro do PSDB é completo. O líder do partido no Senado, Arthur Virgílio, tem dito a quem quiser ouvir: Serra não tem outra opção, terá que disputar a Prefeitura de São Paulo. Se desistir agora, não poderá contar com o partido para grandes vôos em 2006. Pobre José Serra! Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come.

Ironias de FHC

Apesar de opinar sobre a escolha do candidato a prefeito de São Paulo, FH disse a amigos, em Nova York, que este ano não participará do dia-a-dia da política nas eleições municipais. Pode, eventualmente, gravar sua participação na propaganda eleitoral. A desculpa é uma alfinetada em Lula: fica difícil fazer oposição se o governo atual tem a mesma política econômica do governo anterior: “Tanto que a sua condução é feita por um tucano, Henrique Meirelles.”

Da Carta de Intenções ao gesto

Quando esteve em Genebra, há duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de “acadêmica” a discussão sobre a autonomia do Banco Central. Mas na Carta de Intenções remetida ao FMI, no dia 21 de novembro do ano passado, o ministro Antônio Palocci escreveu: “Em linha com a emenda do artigo 192 da Constituição aprovada em 2003, o governo continua empenhado em que seja aprovada uma lei para aumentar a prestação de contas e dar autonomia operacional para o Banco Central, assim que haja espaço na agenda do Congresso.”

CPI da Ambev

O deputado Ribamar Alves (PSB-MA) já reuniu as assinaturas necessárias para a instauração de uma CPI, o que pode causar briga entre o presidente Lula e seu antecessor, Fernando Henrique. A nova CPI deve investigar os motivos que levaram o governo FHC a deixar de aplicar às cervejas a pauta fiscal do IPI cobrado das demais bebidas alcoólicas. Com isso, a Ambev, por exemplo, deixou de pagar cerca de R$ 550 milhões por ano em impostos.

“Tem um japonês atrás de mim”

O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, circulou irritado
esta semana em Brasília. Queixou-se aos senadores do PMDB de
que está de rainha da Inglaterra e não consegue fazer nada sem
a anuência dos petistas no órgão. “Quem manda lá é um japonesinho
do PT”, desabafou Machado.

Rápidas

• Ninguém se assuste se Anthony Garotinho acabar candidato a prefeito do Rio. Já há entre seus aliados quem defenda que isso seria um golpe de morte no rival Cesar Maia.

• O relator das contas do governo Lula no Tribunal de Contas da União é o ministro Guilherme Palmeira. Trata-se de um ex-senador do PFL, braço direito de Jorge Bornhausen.

• José de Alencar e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foram os últimos a saber que o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL), foi convidado para ministro dos Transportes.

• A bancada do PMDB no Congresso está prestes a fechar questão para fazer oposição sistemática ao governo. Motivo: o oleoduto da Petrobras ligando Campos a São Paulo.