Depois de passar as últimas semanas às voltas com os rumores de que iria desistir de sua candidatura à Presidência pelo PSB, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho teve uma semana de boas notícias. Na quarta-feira 3, o bispo Manoel Ferreira, candidato ao Senado pelo PPB do Rio, declarou o apoio dos fiéis da Assembléia de Deus a Garotinho. A adesão foi anunciada pelo filho de Manoel, o pastor Samuel Ferreira, em almoço em São Paulo com 250 líderes evangélicos de todo o País. “Fico feliz com esse apoio, que é muito importante. São denominações que representam milhões de brasileiros”, afirmou o ex-governador. A decisão foi uma reviravolta: há um mês, o mesmo bispo garantira apoio à candidatura de José Serra (PSDB). O partido estima que o acerto possa garantir uma injeção de 11 milhões de potenciais eleitores. Vem a calhar na estratégia de Garotinho. Desde o início, a idéia dos seus estrategistas era compensar a precariedade da estrutura partidária do PSB e a escassez de militantes com a dedicação dos evangélicos. Outro plano é usar as candidaturas a governador pelo PSB em todo o Brasil para alavancar votos.

É assim que o PSB pretende driblar as restrições impostas pela verticalização das alianças, já que beneficiará Garotinho tanto com aparições na tevê quanto com espaço em vários palanques. O PSB lançou candidatos a governador e a senador em 25 Estados e em 13 deles seus representantes estão muito bem colocados nas pesquisas. Um dos favoritos é o senador Paulo Hartung, que aparece em várias pesquisas com 45% das intenções de votos contra 23% de Max Mauro (PTB), que está em segundo lugar no Espírito Santo. Lideram as pesquisas para governador Ronaldo Lessa, em Alagoas, Wilma Farias, no Rio Grande do Norte, e Claudio Pinho, no Amapá. Na Bahia, Lídice da Mata está em segundo e tem boas chances. Mesmo os candidatos de outros Estados que estão atrás nas pesquisas também poderão ajudar Garotinho. “Nessas regiões, o tempo de tevê será em boa parte ocupado pelo nosso candidato à Presidência”, afirma Mário França, prefeito de São Vicente (SP) e coordenador da campanha do PSB.

Apoio de Arraes – França diz que o plano dará a Garotinho condições para disputar uma das vagas do segundo turno por causa das aparições na tevê. “Uma palavra mal colocada num programa ou num debate pode liquidar um candidato”, diz o coordenador, confiante na experiência de comunicador do ex-governador. Ele só lamenta que Garotinho tenha sido obrigado a passar tanto tempo da campanha desmentindo os boatos de que desistiria da candidatura. “Meus adversários estão querendo criar confusão na cabeça dos eleitores. A possibilidade da minha renúncia nunca existiu. Nem vai existir”, garantiu o ex-governador, na quinta-feira 4, durante um ato de campanha no centro do Rio. O presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, também procura exibir confiança no candidato de seu partido para anular o noticiário sobre as investidas do PT para atrair os socialistas. “Com a candidatura de Garotinho, vai nascer no Brasil uma esquerda popular comprometida em resgatar a esperança do País, que foi destruída pelo modelo neoliberal. A candidatura dele é a única novidade nesta eleição”, elogia Arraes.

Na lua-de-mel com o partido, o candidato sofreu um pequeno revés em sua cidade natal, Campos, no norte Fluminense, na última semana. O vereador Nelson Nahim, irmão de Garotinho, anunciou seu desligamento do PSB por não ter conseguido vaga de candidato a deputado estadual. “Tinha garantia do partido de que seria candidato e 24 horas antes do encerramento do prazo descobri que meu nome não estava na relação. Garotinho deu uma desculpa esfarrapada”, esbravejou.