Uma regra não oficializada de merchandising dita que, em determinados casos, deve-se pensar muito sobre as ousadias, pois elas tanto podem se virar contra o produto anunciado de forma dissimulada como transformá-lo em fenômeno de vendagem. A grife americana de lingerie Victoria’s Secret acaba de se colocar entre o inferno e o paraíso. O perigo está em associar seu nome a uma malévola alienígena, dona de centenas de tentáculos viscosos capazes de estrangular e penetrar todos os orifícios humanos. E a vantagem é que, para disfarçar o estranho ser, escolheu-se a estonteante atriz Lara Flynn Boyle que veste a pele de Serleena em MIB – homens de preto II (Men in black II, Estados Unidos, 2002), com estréia nacional na sexta-feira 12. Serleena aterrissa na Terra e, à procura de uma imagem terráquea, apropriada e ironicamente escolhe a de Lara, vista num anúncio de página dupla de uma revista usando sensualíssimos modelitos da citada grife.

Começando por este episódio, a continuação de MIB – homens de
preto
, também dirigida por Barry Sonnenfeld, se mostra uma comédia do mesmo nível da original. Desta vez, Jay (Will Smith) é o mais eficiente funcionário de uma agência secreta do governo americano, que trata da entrada e permanência de seres alienígenas no planeta. Com a ameaça da destruição do planeta, vinda da curvilínea Serleena em forma humana, Jay tem de recrutar Kay (Tommy Lee Jones), seu antigo parceiro na luta contra os gosmentos. Mas Kay foi “neuralizado”, ou seja, teve apagada sua memória dos tempos de agente. Claro que arranjam um jeito de trazê-lo de volta ao mundo secreto e a comicidade corre solta, num
filme criativo e cheio de referências divertidas como a do cão falante Frank, o Pug, cantando o sucesso de Gloria Gaynor, I will survive.
Nesta onda, nem Michael Jackson escapa. Numa rápida aparição, o cantor surge como ele próprio, disfarçado de um Homem de Preto. Ou seria um Homem de Preto disfarçado de alienígena? Em ambos os casos, o merchandising funciona.