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Quando Bashar al-Assad assumiu a presidência da Síria, em 2000, ele tinha só 34 anos e levava consigo uma esperança de renovação política, aliada a uma campanha contra a corrupção e de abertura econômica. Antes de suceder o pai, Hafez al-Assad, que comandou o país por quase três décadas, havia estudado medicina no Reino Unido, com especialização em oftalmologia, e não era o herdeiro mais provável do Palácio Muhajireen. Com a morte de seu irmão Bassel, o primeiro na linha sucessória, Bashar passou a se dedicar à carreira militar. Foi com o recrudescimento dos protestos contra seu regime, no ano passado, que Bashar mostrou sua faceta sanguinária. No massacre de Hama, em 1982, as tropas de seu pai mataram entre 20 mil e 40 mil rebeldes sunitas. Agora, em 21 meses de confrontos, Bashar al-Assad superou esses números e deixou mais de 500 mil refugiados.

Em 2012, o conflito se expandiu para áreas mais urbanas, chegando a redutos da ditadura, como Aleppo e Damasco. Assim, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha o classificou oficialmente como uma guerra civil. O cenário não poderia estar mais próximo disso. Relatos de agências internacionais mostram que, além de toda a violência, falta eletricidade, água, combustível, alimentos e remédios em vários lugares e a população sofre com um surto de leishmaniose. Do lado do ditador, o golpe também foi duro. Assad sofreu com uma série de deserções do alto escalão, incluindo o primeiro-ministro. Em julho, um atentado contra a sede da Segurança Nacional matou seu cunhado e braço direito, o vice-ministro da Defesa. Além disso, mesmo que China e Rússia tenham vetado pela terceira vez resoluções contra a Síria no Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos e a União Europeia reconheceram a oposição como “representante legítima” do povo. Resta saber até quando um ditador com um temido arsenal de armas químicas resistirá no poder, apesar de ter tido seu prazo de validade decretado inúmeras vezes pelo Ocidente. Todas elas sem sucesso. 

Foto: Narciso Contreras/POLARIS