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REVOLTA
Manifestantes ocupam o centro do Rio para
defender a ideia de que a vida não é mercadoria

Muita gente interessada no futuro saudável do planeta chegou ao fim de 2011 tomada por uma sensação de otimismo. Afinal, o ano seguinte abrigaria duas das mais importantes reuniões globais dedicadas ao ambiente: a Rio+20 e a COP 18. Os dois eventos vieram e se foram, levando consigo o sorriso dos otimistas. Em nenhum desses encontros foi formulada uma política concreta para reduzir as emissões de poluentes e proteger os ecossistemas.

A Rio+20 prometia surtir tanto efeito quanto a Eco 92 (leia quadro). Mas a rodada de negociações acabou em um documento que, de tão vago, chegou a ser criticado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Como de costume, um dos maiores poluidores do mundo, os Estados Unidos não ajudaram – pelo contrário, trataram o evento com descrédito. O presidente Barack Obama trocou a viagem ao Rio pela campanha eleitoral e ainda deixou para mandar a secretária de Estado, Hillary Clinton, apenas no último dia.

Em Doha, onde foi realizada a COP 18, a situação foi ainda pior. Além de não receber adesões de grandes poluidores, perdeu adesões importantes. Decidiu-se estender o Protocolo de Kyoto até 2020. Austrália, Canadá e até o Japão (país onde fica Kyoto) resolveram saltar para fora do acordo. Os signatários que restaram se comprometeram a continuar reduzindo suas emissões. Ótimo isso, mas juntos eles geram menos de 20% do total de CO2 liberado na atmosfera todos os anos.

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NO DESERTO
Ativistas usam encontro em Doha para
pedir energias renováveis para todos

Apesar do incontestável aquecimento e das cada vez mais frequentes catástrofes climáticas, líderes não conseguem nem sequer definir metas concretas para garantir a sobrevida do planeta. Por quê? “Está faltando determinar quanto da conta cada um vai ter que pagar. Essas discussões são como um grupo de amigos com uma conta de bar na mão, tentando definir quanto cada um consumiu e quanto cada um deve. Sempre há alguém dizendo que o outro deve pagar mais”, analisa Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil. Assim, países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China) e desenvolvidos (principalmente a União Europeia e os EUA) não conseguem chegar a um acordo sobre quem deveria contribuir mais. Sem consenso, a discussão não anda.

Mesmo os otimistas do ano passado não se sentem muito animados para falar de 2013. O painel da ONU para mudanças climáticas (IPCC, na sigla em inglês) deve lançar um novo relatório sobre o estado do planeta. As notícias não devem ser boas.

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