A cantora e compositora paulista Mallu Magalhães despontou como um fenômeno musical na internet. Ela tinha 15 anos, só cantava em inglês, tocava violão, gaita e banjo, criara cada música de seu repertório e emplacou diversos hits que já revelavam forte inspiração no rock e no folk americano. Isso em 2007. Agora, bancada por uma grande gravadora, ela está de volta com um novo álbum que leva o seu nome.

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BONEQUINHA DE LUXO Fã da atriz Audrey Hepburn, Mallu (na foto) veste-se como ela

O trabalho é bastante autobiográfico e está repleto de referências à década de 1960, a começar pela capa e pelo encarte que exibem Mallu em trajes que homenageiam a atriz Audrey Hepburn (de quem é fã), uma entre a miríade de interesses retrôs que a instigam. Mallu cresceu alheia a todos os grandes fenômenos adolescentes da atualidade que contagiam a sua geração, de “Harry Potter” a “Crepúsculo” nada lhe interessa e mal sabe os nomes de seus protagonistas. “Sempre fui assim, meio torta em relação aos meus semelhantes. O meu universo de interesses se desdobra em outros temas”, diz ela, que se define como uma pessoa curiosa e pesquisadora: “As coisas atuais não são tão apetitosas. Sou esfomeada por assuntos de outras épocas.”

Foi de sua “fome” que nasceu a grande novidade do seu atual repertório: o samba, a valsa e a batida da bossa nova: “Eu gostaria de fazer um show só com essas músicas. Nesse disco essa minha ideia começa a aparecer um pouquinho.” A musa inspiradora de Mallu é Nara Leão. “Ouvi aquela criaturinha, aquela mulher de voz de passarinho e coração d’apaixonada e, claro, caí d’amores pela musa. Já era fã de Vinicius de Moraes. Aprofundei” (Mallu fala assim mesmo, usando contrações). Essa paixão recente pela bossa nova ecoa na letra da quarta faixa do disco: “Fiz esse versinho pra dizer/Por mais que vasta a rima for/Não cabe ao verso o meu amor.” Mas persistem os folks, sons psicodélicos e o rock rascante à maneira de Bob Dylan.

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Ela se mostra mais sofisticada e com maior desenvoltura vocal, mesmo que ainda acanhada em uma ou outra faixa: “Com o tempo, quero conseguir unir tudo: a bossa, o samba, o folk, o rock, e cuspir música.” Seu outro esforço é harmonizar incômodos da meninice numa pessoa que tem corpo e responsabilidades de mulher adulta. Menor de idade (17 anos), está sempre às voltas com procurações e autorizações para poder viajar sem os pais. Mallu diz que cresceu 11 centímetros em apenas um ano. “Estou até meio corcundinha”, afirma ela, ainda desajeitada com o seu novo 1,70 m de altura (“um e setenta e meio”, frisa). 

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