Compare, em vídeo, trechos de uma versão clássica com as atuais:

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HEROÍNA
Keira Knightley (ao centro) interpreta Anna Karenina na 17ª versão do livro

Desde os tempos do cinema mudo já foram feitas 16 adaptações para as telas do romance “Anna Karenina”, do escritor russo Liev Tolstoi. A constante inspiração nessa história monumental, passada durante a Rússia czarista, se justifica: trata-se de um dos maiores livros já publicados, cuja galeria fantástica de personagens ilustra o mistério da alma humana. Com ambições maiores do que fazer apenas uma transposição burocrática de um clássico da literatura, o diretor inglês Joe Wright, conhecido por “Orgulho & Preconceito”, acaba de lançar nos EUA a sua versão da obra de Tolstoi, com a certeza de que tem algo a acrescentar: “Nenhuma das versões anteriores conseguiu esgotar o enredo”, diz. Essa é uma das qualidades dos melhores romances: eles permitem inúmeras leituras de sua trama complexa, o que explica a sucessão de adaptações literárias ao longo dos anos. O momento atual, no entanto, é diferente. Junto com “Anna Karenina”, interpretada por Keira Knightley, chega aos cinemas americanos o musical “Os Miseráveis”, baseado na obra de Victor Hugo. Na sequência serão lançados “Grandes Esperanças”, adaptado do romance de Charles Dickens, e “O Grande Gatsby”, tirado do livro de F. Scott Fitzgerald. Todos os títulos são dirigidos por nomes do primeiro time e trazem elenco idem.

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A primeira explicação para essa corrida aos clássicos é que se trata de um investimento de baixo risco: além de conferirem um selo de qualidade às produções, livros consagrados de séculos passados rendem espetáculos de época luxuosos, com a pompa exigida das superproduções. O dado novo é que, atualmente, em razão dos fantásticos recursos técnicos, essas histórias voltam turbinadas e incrivelmente bem realizadas. “Anna Karenina”, por exemplo, tem seu enredo narrado no interior de um teatro, com um total de 100 cenários representando locais de Moscou e São Petersburgo. Espera-se algo parecido com a versão de Baz Luhrmann para “O Grande Gatsby”, estrelado por Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan. O diretor está recriando a Nova York dos anos 1920 digitalmente na Austrália, o que teria estourado o orçamento previsto de US$ 127 milhões. No caso de “Os Miseráveis”, a modernização já foi testada nos palcos: o filme de Tom Hooper, vencedor do Oscar por “O Discurso do Rei”, leva para as telas o musical visto por 60 milhões de pessoas. Hugh Jackman, Russell Crowe e Anne Hathaway cantam com a própria voz e a produção de US$ 60 milhões já é tida como certa no Oscar. Melhor aval para as adaptações literárias, impossível.

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