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ÀS CLARAS
Na Pinacoteca di Brera, em Milão, Itália, a "Pietà", de Giovanni Bellini,
passa por processo de recuperação diante dos visitantes

A escultura de mármore grega “Vitória de Samotrácia”, vista por grande parte dos nove milhões de pessoas que visitam anualmente o Museu do Louvre, em Paris, na França, será restaurada sob as vistas do público. Empresas francesas vão patrocinar a sala envidraçada dentro da qual o belo monumento ficará enquanto técnicos retiram o tom amarelado causado pelo tempo e recuperam sua base, que está muito desgastada e soltando fragmentos. Recuperar a beleza perdida de patrimônios artísticos sem privar os visitantes de sua observação é uma realidade em museus da Europa e tendência no resto do mundo. Na Pinacoteca di Brera, em Milão, Itália, por exemplo, a “Pietà”, de Giovanni Bellini, atualmente passa por retoques numa sala com paredes de vidro em uma de suas galerias.

No museu italiano, a inovação entretém grupos de visitantes, cujos guias aproveitam para dar aulas sobre técnicas de recuperação de obras. A coordenadora de restauração da Pinacoteca, Mariolina Olivari, explicou à ISTOÉ que as paredes são feitas de policarbonato, que permitem isolamento acústico e protegem as pessoas do cheiro dos materiais químicos. Também é necessária a regulação térmica, de luzes e alarme – tudo para garantir a qualidade do trabalho, apesar da presença de muitos passantes em volta. “Dessa forma, os restauradores podem trabalhar em total segurança e sem perder a concentração. E o público se envolve bastante, para e observa com grande interesse”, afirma Mariolina.

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Outra vantagem da restauração exposta ao público é que, ao realizarem o trabalho diante dos visitantes, os técnicos podem controlar, e até diminuir, as críticas sobre a qualidade dos reparos feitos. Vale lembrar que nem o esmero na recuperação da Capela Cistina, no Vaticano, ou a própria “Mona Lisa”, do Louvre, ficaram livres de polêmicas. Afinal, mesmo os teóricos concordando que chegar às cores ao brilho originais seja o ideal, a dúvida sobre a intenção real dos artistas é inevitável. E o público quer entender o que está sendo feito para poder apreciar ou mesmo discordar com propriedade.