A equipe de ISTOÉ Online preparou um vídeo que mostra como, em cinco minutos, é possível aprender o Texas Holdem, a modalidade do pôquer que ocupa programas de tevê e atrai celebridades, no Brasil e no mundo. Confira:

 

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Na mesa os rostos são de tensão. Em jogo, meio milhão de reais. Um pequeno grupo acompanha a partida em cadeiras enfileiradas em forma de arquibancada. Um telão mostra as cartas que vão sendo reveladas e o burburinho e a emoção tomam conta nos lances decisivos do Brazilian Series of Poker (BSOP), o campeonato brasileiro de pôquer cuja etapa final ocorreu em São Paulo na semana passada. “Adoro esportes. Jogo futebol, basquete, vôlei, tudo. Mas o único que faz minha adrenalina subir como em uma corrida é o pôquer”, afirma o campeão de Stock Car Thiago Camilo, um dos participantes. Reconhecido mundialmente como esporte em 2010 pela International Mind Games Association (IMSA), o pôquer conquistou adeptos Brasil afora. O número de jogadores tem crescido exponencialmente no País, a ponto de o BSOP ter se tornado o terceiro maior do mundo em seis anos. Em sua edição inaugural, em 2006, houve menos de 100 inscritos. Neste ano, foram mais de 1.600. Ricardo Tavares, o vencedor da etapa final, saiu da mesa de jogo quase às duas horas da manhã e faturou R$ 500 mil. Ao todo, foram distribuídos mais de R$ 2 milhões em cinco dias.

Durante décadas, o pôquer foi tratado como um dos jogos de azar, que são ilegais no País desde 1946. “A lei levou ao fechamento dos cassinos, que eram os locais onde o pôquer era jogado. Por isso ele acabou sendo visto por muitos como proibido”, diz Igor Trafane, CEO do BSOP e presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em, a modalidade mais popular. A lei diz que são jogos de azar aqueles que dependem exclusiva ou principalmente da sorte. Segundo praticantes e especialistas, não é o caso do pôquer. Estudos de universidades respeitadas mostram que a aleatoriedade da distribuição das cartas influi pouco no resultado final das partidas. Contam mais a estratégia e noções de probabilidade. Foi com um compilado desses estudos que os organizadores dos primeiros eventos conseguiram na Justiça o direito de promover campeonatos de pôquer. Nos últimos dois anos, as brigas judiciais cessaram, e o pôquer entrou, este ano, no calendário oficial do Ministério do Esporte.

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VITÓRIA
Estrela internacional, a americana Vanessa Rousso veio disputar
o torneio brasileiro organizado por Igor Trafane (abaixo). Foi necessário
provar na Justiça que o pôquer não é jogo de azar

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“Em um jogo talvez a sorte tenha um papel fundamental, mas é a habilidade que define os campeões a longo prazo”, explica Trafane. Por essa razão, os campeonatos são, em geral, divididos em várias fases durante o ano. O BSOP tem nove etapas, cada uma com uma média de cinco a oito torneios. O vencedor de cada uma delas ganha prêmios, mas o campeão brasileiro é quem teve o melhor desempenho o ano todo. Em 2012, o vencedor foi Leonardo Martins, 29 anos. Ele começou a jogar pôquer com amigos da faculdade há sete anos. No início, era apenas uma brincadeira, mas hoje ele dedica todo o tempo em que não está trabalhando no mercado financeiro para ler livros de estratégia, ver vídeos e jogar na internet. Martins conta que no início seu pai ficava desconfiado, achava que estava viciado na jogatina. “Demorei um tempo para convencê-lo de que pôquer não é um jogo de azar. Sou bom nisso porque estudei”, diz. Hoje, o pai torce por ele nos campeonatos.

Agora, o País começa a atrair grandes personalidades internacionais do pôquer. A americana Vanessa Rousso, 29 anos, por exemplo, participou pela primeira vez do campeonato brasileiro. Ela é uma das mulheres que mais ganharam prêmios nesse jogo dominado por homens. No Brasil, 90% dos jogadores são do sexo masculino. Em seu primeiro ano competindo em torneios profissionais, Vanessa ganhou mais de US$ 760 mil. “Eu tinha 23 anos, estava na faculdade, mas comecei a pensar que poderia viver como jogadora de pôquer”, diz. Foi assim que ela passou a se dedicar totalmente ao jogo e conseguiu ganhar mais de US$ 4 milhões em um ano. Este ano, o iraniano Antonio Esfandiari levou US$ 18 milhões ao vencer a principal etapa do campeonato mundial realizado anualmente em Las Vegas. Estrelas brasileiras, como André Akkari, começam a despontar no Exterior. Desde 2006 ele está entre os cinco maiores vencedores online da América Latina e já acumulou cerca de US$ 1 milhão em prêmios.

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Alcançar essas cifras milionárias, porém, é para poucos. Primeiro porque as inscrições podem ser caras: em algumas categorias do BSOP a taxa era de R$ 1.800. Segundo, porque é necessário ter muita habilidade. Bom raciocínio lógico é essencial, uma vez que o jogo se baseia no estudo das probabilidades. Campeonatos na internet são os mais indicados para aprender. Ali, há competições gratuitas e sem prêmios, outras com preços e prêmios modestos e, claro, as profissionais, com valores tão astronômicos quanto os campeonatos presenciais. “Na internet todos os dias é possível encontrar competições com 1.600 pessoas. Não há lugar melhor para treinar o raciocínio”, diz o campeão Leonardo Martins. Não é tudo. “É essencial saber ‘ler’ as outras pessoas e entender suas intenções. Assim como é preciso evitar que elas ‘leiam’ você”, explica a americana Vanessa Rousso.

A chegada dos brasileiros nos campeonatos internacionais não tem passado despercebida. “Quando tem um na mesa, todo mundo sabe de longe”, diverte-se o espanhol David Carrion, diretor de eventos ao vivo da América Latina da PokerStars, a maior operadora do mundo de jogos presenciais e online de pôquer. Ao contrário do estereótipo do jogador típico, o brasileiro é ruidoso, gosta de festejar e está sempre em grupos grandes. E agora também participa das principais mesas.

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Fotos: João Wainer; João Castellano/Ag. Istoé


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