Cinco anos após sua morte, as peripécias da princesa Diana voltaram a agitar o Palácio de Kensington. Desta vez, como nos livros de suspense, a culpa é do mordomo. Chamado de “minha rocha” por Diana, Paul Burrell trabalhou durante 21 anos para a família real e, desde janeiro deste ano, respondia a processo por roubo. Em sua casa, foram encontrados 310 objetos do palácio, desaparecidos após o acidente de carro que vitimou a princesa em agosto de 1997. Na sexta-feira 1º, o julgamento de Burrell, 44 anos, foi encerrado após intervenção oficial de Sua Majestade. Surpreendentemente, a Rainha Elizabeth II se lembrou – somente agora! – de ter autorizado o réu a tomar conta dos objetos. Foi o suficiente para inocentá-lo. O ex-mordomo, acostumado a animar jantares com fofocas sobre a princesa (pelo que cobrava US$ 5 mil), nem esperou colocar o pé do lado de fora do tribunal para abastecer a imprensa com novas histórias apimentadas sobre Diana.

Na semana passada, o tablóide britânico The Sun publicou intimidades da família real reveladas por Burrell à Justiça durante a investigação. A princesa, claro, foi seu alvo predileto. Ele contou que, em mais de uma ocasião, levou amantes de Diana para o palácio, escondidos no porta-malas do carro. As visitas íntimas teriam começado após o fim do casamento com Charles. “A princesa teve relações com muitos de seus amigos e até se apaixonou pelo cardiologista paquistanês Hasnat Khan. Ele era sua alma gêmea”, disse o ex-mordomo. “Ela chegou a pedir Khan em casamento e me mandou arrumar um padre que os casasse em segredo. Eu a convenci de que isso não seria possível.” Certa vez, Burrell teria levado Diana, vestindo apenas jóias e um casaco de pele, para se encontrar com Khan. Em outras ocasiões, levava a princesa para passear de carro na zona do meretrício londrino. Lady Di dava dinheiro para as prostitutas e pedia que elas voltassem para casa.

As fofocas integram o relatório de 39 páginas compilado durante depoimentos de Paul Burrell a policiais. Ninguém sabe como foram parar na redação do The Sun. Especula-se que o fofoqueiro real tenha faturado nada menos que US$ 1,5 milhão pela publicação dos relatos. No dia seguinte, no entanto, Paul Burrell pediu intervenção judicial para impedir o jornal de veicular suas declarações, no que foi prontamente atendido pelo juiz Justice Eady, da Suprema Corte britânica, que proibiu a publicação de novo material. No mesmo dia, no entanto, o Daily Mirror, principal rival do The Sun, publicou a primeira de uma série de reportagens nas quais o ex-mordomo conta suas histórias. Desfilou comentários sobre a família de Diana. Chamou o irmão dela, Earl Spencer, de hipócrita por fazer um discurso tão lindo no funeral de Lady Di – quando na verdade não dava a mínima para ela – e revelou que a irmã Sarah McCorquodale era chamada de Sarah McCrocodile e morria de ciúme da princesa.

Equilibrando-se entre a condição de vítima e a de culpado, Paul Burrell foi convidado para apresentar um programa de tevê especializado em celebridades. O nome deverá ser What the butler saw (O que o mordomo viu) e, segundo o produtor Stephen Leahy, idealizador do projeto, Burrell cai como uma luva no formato. Os ingleses aguardam ansiosos.