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FRANQUEZA
Ao contrário de outros roqueiros, Stewart
não evitou temas delicados em seu livro

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Perde-se a conta do número de relatos pessoais escritos recentemente por cantores pop nos EUA e na Inglaterra. Nenhum deles, no entanto, vem sendo tão comentado como o livro do roqueiro Rod Stewart. Intitulada simplesmente “Rod: The Autobiograph”, a obra vai mais longe que a maioria dos livros do gênero. Não se trata apenas de um passo a passo da infância até os tempos atuais contando os bastidores de turnês e processos criativos. As memórias de Stewart, que terão tradução brasileira até o fim do mês, diferenciam-se pela franqueza com que ele aborda assuntos polêmicos como o uso de drogas ou corriqueiros como a sua vida íntima. Sabe-se que a geração à qual pertence o cantor, hoje com 67 anos, usou e abusou de entorpecentes. Stewart não fica apenas na enumeração dos estimulantes ilegais que tomava. Conta detalhes quase técnicos de como se drogava, o que se tornou um prato cheio para os tabloides britânicos – usava cocaína, por exemplo, por meio de supositórios. Durante a sua passagem pelo Brasil para se apresentar no Rock in Rio em 1985, Stewart provou que o seu consumo de cocaína não tinha limites e não o levou a uma overdose por pura sorte. “Foi um dos festivais mais maravilhosamente organizados e extravagantemente selvagens em que toquei na vida”, diz ele. “Depois da minha performance, para umas 200 mil pessoas, encontrei Belinda Carlisle, do grupo The Go Go’s, e fizemos uma aposta de que banda cheirava mais cocaína. Nós perdemos de lavada.”

Esse mesmo ano de 1985 foi um divisor de águas em sua vida familiar. Stewart sabia da existência de uma filha desconhecida, chamada Sarah, hoje com 49 anos, mas ainda não estava preparado para assumir a sua paternidade. No encontro que teve com ela, três anos antes, sua mãe adotiva levou um repórter: “Esse primeiro contato foi muito frio, por causa da presença da imprensa. Fiquei muito revoltado.” Sarah é fruto do relacionamento de Stewart com a namorada Susannah Boffey – ambos tinham na época 18 anos. O relato da decisão conjunta de ter o bebê e deixá-lo para adoção é um dos pontos altos do livro: “Fiquei sabendo que era uma garota, mas não quis vê-la, com medo do que eu sentiria. Assinei os papéis da adoção e voltei para casa a pé, na noite fria, com a certeza de que essa história havia terminado na minha vida.” Hoje em dia, pai e filha têm uma boa relação.

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Antes desse episódio, Stewart viveu uma experiência digna do filme “A Primeira Noite de um Homem”. Assim ele relata na autobiografia: “Perdi minha virgindade com uma mulher mais velha (e maior) em 1961, durante um festival de jazz que fui assistir. Era o local onde pegávamos cerveja e ela chegou de forma muito bruta. O quanto mais velha era ela? Não sei dizer. Velha o suficiente para ficar desapontada com a brevidade digna de um piscar de olhos da experiência.” Elementos desse encontro, um pouco alterados, tempos depois fizeram parte da música “Maggie May”, um de seus maiores sucessos.

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Com mais de 150 milhões de discos vendidos, o roqueiro toca em outro ponto delicado de sua carreira. Ele assume, sem grandes problemas, que plagiara Jorge Ben Jor, o que o obrigou a atribuir ao músico carioca a coautoria do seu sucesso “Da Ya Think I’m Sexy”. “Passei o Carnaval de 1978 com Elton John e Freddie Mercury no Rio de Janeiro”, conta no livro, citando dois acontecimentos significantes. “Primeiro foi que me apaixonei por uma estrela de cinema brasileira lésbica. O outro foi que em todo lugar tocava ‘Taj Mahal’, de Jorge Ben, e aquela melodia, inconscientemente, ficou na minha cabeça, e transformou-se em ‘Da Ya Think I’m Sexy’. Plágio inconsciente, apenas.” Apesar do clima de confissão permanente, Stewart se deu o direito de preservar algo em sua autobiografia: o nome da tal atriz brasileira por quem caiu de amores naquela época.

Fotos: Richard Saker / Rex Features; Mark Mainz


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