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Sua turnê "Verdade, Uma Ilusão" é uma das mais
bem-acabadas e de maior repercussão de 2012

A imagem de Marisa Monte interpretando a capela uma “Bachiana Brasileira” de Heitor Villa-Lobos no encerramento da Olimpíada de Londres, em agosto, ficou na memória como um dos momentos mais emocionantes do evento. Este é um dos grandes méritos da intérprete e compositora carioca: falar direto ao sentimento das pessoas com sua voz ao mesmo tempo potente, suave, rascante, lírica e revestida de contrastes – mas sempre linda. Aos 45 anos, Marisa é uma diva que reverencia sua arte: “Sirvo à música como a uma deusa. Procuro agradá-la e garantir que esteja em primeiro plano. Ela é mais importante que eu.” Com nove discos gravados, três prêmios Grammy Latino e dez milhões de álbuns vendidos, a cantora se dedica, atualmente, à turnê do seu mais recente CD, “O Que Você Quer Saber de Verdade”, mais um momento antológico de sua carreira de duas décadas e meia. Até o fim do ano, ela vai dar o ar da graça também no DVD que Zeca Pagodinho dedicará a clássicos do samba. Marisa Monte é a Brasileira do Ano na Cultura, prêmio dado por ISTOÉ como reconhecimento ao seu talento e à sua preocupação em divulgar e preservar a melhor MPB. “Represento um grupo maior, que é o passado, o presente e o futuro da música brasileira. Divido a homenagem com todos”, agradece a intérprete de sucessos como “Beija Eu” e “Infinito Particular”.

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SEREIA
Marisa levou a música brasileira para 750 milhões de pessoas
na cerimônia de encerramento da Olimpíada de Londres

No estúdio, no palco e na vida, Marisa quer se fazer entender. Não perder o contato com as necessidades da alma e se esmerar na clareza do canto são para ela um desafio constante e o mote do novo trabalho. “O Que Você Quer Saber de Verdade”, título do álbum, não é uma pergunta. É uma resposta singela a angústias universais. “A vida moderna tem tanto ruído, tantas coisas para nos distrair, que às vezes nos perdemos. É importante não se afastar do próprio coração, das necessidades de cada um, e respeitar nossa própria velocidade”, diz ela. Ao criar melodias simples e tocantes, Marisa cumpre o papel de emocionar o público. Sempre presente nas paradas, neste ano ela emplacou dois sucessos – “Ainda Bem” e “Depois” – que também embalaram novelas de sucesso. Na gestação do novo show, em excursão pelo Brasil, ela fez questão de comandar tudo, do conteúdo do site até os conceitos por trás dos vídeos exibidos no telão, de autoria de renomados artistas plásticos. Para chegar à visualidade marcante das apresentações atuais, contou com uma curadora de arte, que contribuiu para encontrar trabalhos aptos a potencializar o sentido das canções. Sua preocupação permanente é não sucumbir ao efeito puramente estético ou deixar a poesia de lado: “O desafio é não se perder no belo, não se ater ao belo e não se contentar apenas com ele. Com a combinação de linguagens, buscamos algo que possa vibrar nos corações, nas almas, nas mentes das pessoas”, afirma a cantora.

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AGLUTINADORA
A cantora, entre Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, parceiros
no projeto Tribalistas: abertura para novas sonoridades

Marisa é conhecida pela discrição, pelo estilo avesso a badalações e por não abdicar da naturalidade. É casada com o empresário Diogo Pires Gonçalves, com quem teve a filha Helena, 4 anos. Ela é mãe, também, de Mano Wladimir, 9 anos, fruto de seu casamento anterior com o músico Pedro Bernardes. “Não ando 24 horas por dia de veludo brocado nas calçadas do Leblon”, diz. Sem temer o envelhecimento, ela conta que o importante é estar satisfeita com o que faz e valorizar a simplicidade. “As pessoas querem viver coisas tão intensas que não encontram tempo. Temos tanto para colocar em dia – contas, exames, documentos. Diante dessa pressão é um luxo eleger coisas simples para fazer”, afirma. Tudo isso facilita o rigor no ofício de cantar. “A clareza é uma qualidade que me fascina no canto. Se faço uma nota ‘acrobática’, gosto que a palavra seja bem dita e entendida, que a mensagem chegue às pessoas”, diz ela.

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SAMBA
Marisa Monte e os músicos da Velha Guarda da Portela, retratados em
filme e produzidos por ela no CD "Tudo Azul": reverência à tradição

Se a comunicação direta resume a sua arte, sua voz é a ponte necessária entre a poesia e a melodia. Ao longo da carreira, Marisa descobriu outras formas de chegar ao público. Hoje, não é apenas uma intérprete, mas uma atuante profissional da cultura. Além de compor para outros artistas, produz CDs e filmes – fez isso para a Velha Guarda da Portela, com o disco “Tudo Azul” e o documentário “O Mistério do Samba”. “Fui encontrando outras maneiras de servir à música. Tenho a voz como centro, mas me alastrei em diversos tipos de atuação”, afirma. Embora celebre o descompromisso e a despretensão e cite a Velha Guarda da Portela como exemplo de pureza e encantamento, ela é afeita à simplicidade lapidada. Prefere a linguagem cotidiana por acreditar que pode ser, assim, comunicativa ao tratar de questões existenciais. “Todo mundo tem o seu tempo próprio”, diz Marisa, com a mesma serenidade que a levou ao posto de uma das maiores cantoras do País.

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NASCIDA PARA CANTAR
Foto da cantora que ilustrava sua carteira escolar. Nessa época ela já estudava
piano e canto. Aos 19 anos, mudou-se para Roma para se aperfeiçoar na música lírica

Fotos: Tom Munro; Divulgação; Carol Feichas; Renato Velasco; Divulgação
Produção:L.A. Braga Júnior – Imagemakers; Beaty: Sayuri Odo; Agradecimentos: Esencial, Gregory, Centauro e Ricardo Almeida