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MOBILIZAÇÃO
Governador Sérgio Cabral e cartaz da campanha “O Petróleo é Nosso”

No final dos anos 40 e início da década de 50 do século passado, a campanha “O Petróleo é Nosso”, que defendia a autonomia brasileira na exploração das reservas, se tornou uma das mais polêmicas da história do País. Muitos anos depois, uma nova campanha do petróleo ganha nesta semana as ruas do Rio de Janeiro. Sob o risco de perder bilhões em receitas com royalties e participações especiais na exploração de petróleo, o Rio promove na segunda-feira 26 o ato “Veta, Dilma. Contra a injustiça. Em defesa do Rio”. Convocada pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), a manifestação promete levar para o centro da cidade políticos de vários partidos, além de artistas e lideranças empresariais. O ato acontece a cinco dias do fim do prazo para a presidenta Dilma Rousseff decidir sobre o Projeto de Lei 2.565, aprovado pela Câmara dos Deputados, que redistribui os royalties do petróleo. Caso a presidenta sancione o projeto, o Rio deve perder R$ 77 bilhões até 2020, segundo cálculos feitos por técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado e que tomaram como premissas o preço do barril de petróleo a US$ 90 e câmbio de R$ 2. “Os efeitos, especialmente para os municípios produtores, são catastróficos”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Julio Bueno. “Há municípios em que os royalties respondem por mais de 60% da receita.” De acordo com o governador Cabral, o projeto compromete drasticamente a capacidade de investimento do Estado e até a realização de eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada.

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ATO NO RIO
vai reunir políticos, artistas e lideranças empresariais

A expectativa é de que milhares de pessoas participem das manifestações, cuja concentração acontece às 14 horas na Candelária. Em todo o Estado do Rio foi determinado ponto facultativo. A indústria e o comércio também liberaram os empregados. Da Candelária, os participantes, embalados por trios elétricos, seguem em passeata até a Cinelândia, onde será entoado o “Hino Nacional” e haverá a leitura de um manifesto, exatamente como ocorreu no último protesto, em novembro de 2011, que atraiu 120 mil pessoas. Em seguida, artistas vão se apresentar. Para facilitar o deslocamento da população, as bilheterias dos trens, metrô e barcas estarão franqueadas. Ônibus especiais também serão colocados à disposição dos manifestantes. São esperadas caravanas do interior do Rio, além da presença do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e do prefeito eleito de Vitória, Luciano Rezende (PPS). O governador Sérgio Cabral comandou, na quinta-feira 22, no Palácio Guanabara, uma reunião para mobilizar as forças políticas do Estado e a sociedade fluminense. “Acredito que a presidenta Dilma Rousseff vá vetar esse projeto”, disse Cabral. “Ela não vai mexer no que já está contratado e tem argumentos jurídicos para isso.”

Fotos: Daniela Dacorso; Reprodução/AE