O filósofo François-Marie Arouet, que assinava como Voltaire, escreveu que “se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”. Pode-se dizer que, muitas vezes, se uma polêmica não existe, é preciso criá-la. É o caso da discussão que agora se abre sobre o fato de constar nas cédulas do real a frase “Deus seja louvado”. Foi ajuizada em São Paulo uma ação civil pública com o melhor e mais republicano dos objetivos: proteger a liberdade religiosa. Assim, a ação pede que tal frase seja retirada das notas. “Imaginemos a cédula de real com a seguintes expressões: Alá seja louvado, Buda seja louvado, Salve Oxóssi, Deus não existe (…)”, diz um trecho da representação. A alegação é que o Estado é laico, o que implica neutralidade nas questões religiosas. Ocorre, porém, que a expressão Deus não se refere a uma religião específica: para os seguidores do budismo, por exemplo, Buda é Deus. Também para os crentes em Oxóssi, ele é uma divindade – ou seja, Deus.