Sai das urnas uma mensagem eloquente: as lideranças políticas estão mais vivas do que nunca. No mapa de votação, forças regionais e nacionais sacramentaram sua influência. Em Minas Gerais, o ex-governador e agora senador Aécio Neves deu o tamanho do prestígio que carrega ao estabelecer uma vitória acachapante do candidato, Marcio Lacerda (por 52,69 %), para uma reeleição em primeiro turno. O mesmo aconteceu em Pernambuco, com o governador Eduardo Campos conquistando espaço ao cravar o nome de um ex-secretário, Geraldo Julio, como novo prefeito do Recife, em primeiro turno. Ambos venceram quadros escolhidos pelo PT. É previsível – e, de maneira discreta, parecem já ensaiar uma aproximação – que juntos eles formem uma chapa robusta para a disputa em 2014. Campos – que faz ainda parte da base governista – praticamente se distanciou da aliança, depois de ser atropelado pelo trator de indicações de Lula. Projeta-se daqui para a frente com luz própria e, ao lado de Aécio, poderá compor a voz da oposição. De uma maneira ou de outra, o tabuleiro para a sucessão presidencial está posto e essas peças fazem parte do jogo.

De sua parte, Lula e Dilma despontaram com bom saldo de vitórias nos referendos municipais. Ao contrário do que pregavam seus opositores, Lula mostrou fôlego e capacidade de transferência da histórica popularidade na corrida eleitoral. O simples fato de colocar o seu escolhido, Fernando Haddad – que largou com meros 3% da preferência, quase desconhecido, e alcançou 28,98% dos votos válidos –, no segundo turno da eleição em São Paulo é prova de que o lulismo segue em franca ascensão. O ex-presidente ainda angariou posições importantes no ABC paulista, reduto metalúrgico de onde se projetou. Levou fácil a cidade de São Bernardo do Campo, com o apadrinhado Luiz Marinho fazendo um passeio nas urnas ao registrar mais de 65% dos votos. Conseguiu ainda colocar seus indicados no segundo turno em Santo André, Diadema e Campinas. Nesse último caso, o eleito de Lula, economista Márcio Pochmann, iniciou a corrida com mero 1% das intenções. Carimbou o passaporte para o segundo turno com 27%. Dilma e Lula, com a bagagem de recordes de apoio nacional, depositam daqui para a frente todas as suas fichas na capital paulista, onde travam um duelo de morte contra os rivais do PSDB, buscando desbancar 16 anos de hegemonia tucana na região. Que não se duvide do apetite dessa dupla.