Confira trechos de filmes que mostram como o sanfoneiro era íntimo das câmeras:

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 Assista ao trailer: 

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POPSTAR
Gonzagão (interpretado por Chambinho do Acordeon)
inventava passos de dança e fazia turnês: “Foi nosso
primeiro Michael Jackson”, diz o diretor Breno Silveira

O cantor e sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989), que revolucionou a música brasileira nos anos 1940 ao fazer do baião um dos ritmos mais populares do País, nunca negou o papel do pai em sua carreira de êxitos. Em um de seus grandes sucessos, “Respeita Januário”, ele conta justamente como, ao voltar famoso à cidade natal, curvou-se ao talento do velho músico, que fazia o diabo com uma sanfona de oito baixos – a dele, de “fole dourado”, tinha 120. No centenário de seu nascimento, a ser comemorado em dezembro, o filme “Gonzaga – de Pai pra Filho” trata basicamente de uma relação paterna – só que, agora, o pai é Gonzagão e o filho, o também músico Gonzaguinha (1945-1991). “Existem diversas formas de mostrar a história de Gonzagão. Preferi tratá-la do ponto de vista do filho que ele havia abandonado”, diz o diretor Breno Silveira, que com “2 Filhos de Francisco” provou que é craque nesse tipo de abordagem ao entrelaçar a trajetória de artistas em busca da fama com o sempre cativante drama familiar.

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Determinante para essa decisão foi o seu acesso às 15 horas de gravação em áudio da conversa entre Gonzaguinha e Gonzagão, acontecida no reencontro dos dois, em 1981, após anos afastados. Alguns dos diálogos são reproduzidos com fidelidade, inclusive aquele que trata da paternidade de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. e coloca um ponto final nos boatos de que ele teria nascido de uma relação da primeira mulher do sanfoneiro com outro homem. “Não interessa se meu sangue corre ou não nas suas veias. Você é meu filho”, diz Gonzagão, interpretado no final da vida por Adélio Lima. Mais dois atores vivem o músico: Land Vieira (dos 17 aos 23 anos) e o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, o Chambinho do Acordeon (dos 27 aos 50).

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MÚSICA NO SANGUE
Gonzaguinha e Gonzagão, em 1981, e a cena em que
o filho entrevista o pai: 15 horas de gravação.

Encontrar intérpretes à altura dos protagonistas foi o primeiro desafio da produção, que consumiu sete anos. “Levou mais de um ano para chegarmos ao Gonzaga ideal”, afirma Silveira. O processo seletivo, que incluiu propagandas em jornais e revistas do Nordeste, começou com 5 mil inscritos, dos quais 40 foram pré-selecionados. Nivaldo Expedito de Carvalho, o Chambinho do Acordeon, teve em “Gonzaga – de Pai pra Filho”, que estreia na sexta-feira 26, sua primeira experiência como ator. “Sou tímido, e ele é exatamente o contrário”, afirma o sanfoneiro, que precisou emagrecer dez quilos para as cenas em que Gonzagão vai para o Exército, nos anos 1930. No caso de Gonzaguinha, a escolha do ator foi mais fácil. “Ele já veio pronto”, diz Silveira a respeito do ator Júlio Andrade (que interpreta o autor de “O Que É, o Que É ?” na maturidade). O cineasta lembra que ele chegou para os testes vestido como o cantor e repetindo seus trejeitos, fato que surpreendeu até os filhos e as ex-mulheres de Gonzaguinha. “Tive encontros com pessoas que o conheceram, como Ângela Leal e Ivan Lins”, conta Andrade. “Eles me mostraram que, longe do palco, ele não fazia questão de ser um personagem controverso.

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MÚSICO
Chambinho do Acordeon no papel de Gonzaga jovem

Era carinhoso com a família e cuidadoso com as mulheres.”Orçado em R$ 12 milhões, o filme foi rodado no Nordeste (no interior da Bahia e no Recife), em Minas Gerais (na cidade de Passa Quatro) e no Rio de Janeiro, reproduzida fielmente à época em que Gonzagão ficou famoso, nos anos 1950, após se apresentar em bares da região do Mangue e da Lapa. “Filmamos na Praça Tiradentes, que havia sido restaurada, e em algumas partes da Urca. É claro que tivemos de apagar postes, cartazes e carros na pós-produção”, afirma Silveira, que pretende usar as histórias que não entraram no longa-metragem em uma futura minissérie da Rede Globo. Para se ter uma ideia, o primeiro roteiro do filme, feito em parceria com Patrícia Andrade, teve um total de 300 páginas, o triplo de um script normal. “A história de Luiz Gonzaga é muito rica. Ele foi um pioneiro ao fazer sucesso viajando pelo Brasil, foi o nosso primeiro Michael Jackson”, diz o diretor. 

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Foto: João Linhares
Fotos: divulgação; reprodução