Palmas, capital do Tocantins e última cidade brasileira planejada no século XX, completa 15 anos. Como toda debutante, está no auge da “adolescência” e tem um futuro promissor: infra-estrutura completa e a maior área verde por habitante entre as capitais do País. Sua pedra fundamental foi lançada em 20 de maio de 1989, cerca de seis meses depois da emancipação do Estado do Tocantins, até então norte de Goiás, criado em 1985 por iniciativa do então deputado federal Siqueira Campos. O local escolhido no meio do cerrado para ser o centro nevrálgico da nova unidade da Federação foi uma área de 2.752 metros quadrados (menos da metade do tamanho de Brasília), cercado de um lado por duas serras (Carmo e Lajeado) e de outro pelo rio Tocantins.

Fotos: Ricardo Giraldez

De 1º a 20 de maio, uma série de eventos culturais promovidos pela prefeitura toma conta da cidade. Palmas tem como objetivo tornar-se a “capital ecológica” do País, uma vez que dispõe de mais de mil metros quadrados de área verde por morador. O nativo mais velho nascido na capital do Tocantins é Palmério Guedes Feitosa. Ele, que tem apenas 14 anos, carrega no próprio nome uma homenagem à cidade na qual seus pais se saíram vencedores. No final de 1989, a família saiu de Porto, em Goiás, em busca de oportunidades na recém-criada Palmas. Sua mãe, Joana, com quatro meses de gravidez, fora convidada para trabalhar no primeiro supermercado local. Depois de cinco meses, Joana sentiu as dores do parto no dia de um jogo que tirou o Brasil da Copa de 90. “Um vizinho me levou de carro ao único posto de saúde que tinha, mas o médico não estava”, conta. Tiveram que ir para a maternidade de Porto, a 60 quilômetros. “Não deu tempo de chegar e ele nasceu no banco do carro”, relembra ela. Palmério, que está no último ano do ensino fundamental, quer ser jogador de futebol. Duas vezes por semana, treina com amigos na quadra poliesportiva ao lado de sua casa, no distrito de Taquaral. “Não penso em sair daqui. Quero jogar no Palmas”, diz ele.

A prefeita Nilmar Ruiz (PL), ex-professora e ex-secretária de Educação, afirma que sua prioridade é o desenvolvimento social. Nos últimos três anos, investiu a maior parte do Orçamento – R$ 130 milhões – no setor. Criou mais de 3.500 vagas na rede de ensino fundamental e médio e inaugurou sete creches. Além disso, construiu dois centros de educação infantil, que atendem 800 crianças, e um enorme restaurante comunitário. Para gerar empregos, criou um espaço para o comércio de ambulantes, centros com cursos profissionalizantes e uma usina de prensagem de lixo que será doada a uma cooperativa. “Faço questão da participação da comunidade nas decisões”, diz Nilmar. Por meio do Planejamento Participativo (PP), ela ouve reivindicações, críticas e discute projetos com líderes comunitários. “Dividi a cidade em dez áreas e desde 2001 faço reuniões com as lideranças. Elas dizem o que é prioritário para seus bairros e nunca prometo o que não posso”, garante ela.

Fotos: Ricardo Giraldez

Palmério, o mais velho nascido na cidade, e a prefeita Nilmar: sonho do crescimento

Mas é um arrojado e inédito programa ambiental que promete colocar Palmas na mesa de sérias e importantes discussões internacionais, além de trazer recursos e desenvolvimento para a capital. É o projeto de sequestro do carbono urbano. Já concluído, espera a assinatura do governo federal para virar negócio junto a países que emitem grandes quantidades de gases poluentes na atmosfera. O programa de Palmas foi aprovado pelo Banco Mundial e apresentado em Lisboa e Paris como alternativa de compensação aos danos ecológicos pelas emissões de carbono. Os recursos conseguidos da venda dos créditos na bolsa de carbono serão investidos na preservação da cidade, através de educação ambiental, turismo sustentável e reflorestamento de áreas verdes.