Jeff Christensen/Reuters

Clapton: fiel aos arranjos do mestre de biografia misteriosa

Em 1961, o mundo musical foi sacudido pelo lançamento de uma compilação de 16 gravações do lendário bluesman Robert Johnson, realizadas no final da década de 1930 e até então dadas como perdidas. Alguns anos mais tarde, o disco King of the Delta blues singers chegou às mãos do guitarrista inglês Eric Clapton, à época liderando o conjunto Yardbirds. A mosca azul do blues o picou de tal forma que Clapton abandonou o grupo de sucesso para dedicar-se ao estilo sob a tutela de John Mayall, um dos pioneiros do culto ao gênero na Inglaterra. Das 14 faixas de Me and Mr. Johnson – mais recente lançamento do músico que um dia foi chamado de Deus – nada menos do que dez foram tiradas do citado álbum.

Robert Johnson nasceu por volta de 1911, no Mississippi. Depois de tocar com Howlin’ Wolf, Sonny Boy Williamson e Elmore James, sumiu de circulação para retornar algum tempo depois em plena forma. Conta a lenda que, para tocar melhor, ele teria feito um pacto com o demônio numa encruzilhada. Sua música Crossroad (encruzilhada) se tornaria emblemática na carreira de Clapton, que, talvez por superstição, preferiu omiti-la no recente CD. Johnson morreu aos 27 anos, não se sabe se esfaqueado ou envenenado por um marido ciumento ou por uma mulher traída. Suas gravações, 45 no total, foram feitas em duas sessões, em hotéis no Texas, entre 1936 e 1937. Clapton manteve-se fidelíssimo aos arranjos do mestre, porém os incrementou com os amigos de sempre, entre eles Billy Preston (teclados), Steve Gadd (bateria) e Nathan East (baixo). O desenho da capa traz o guitarrista numa pose igual à de Robert Johnson em uma de suas poucas fotos conhecidas.