Assessoria Gol

Decolagem: receita de 2003 dobrou em relação a 2002 e atingiu R$ 1,4 bilhão

Em seu terceiro ano de atuação num mercado que exige cacife e, sobretudo, boas relações com instituições ligadas ao governo, a Gol Transportes Aéreos desconheceu essa tradição e alcançou índices de lucratividade equiparados às melhores companhias internacionais. Operando no conceito baixo-custo/baixa-tarifa, a empresa registrou no balanço de 2003 um lucro líquido de R$ 113 milhões, representando uma margem de 8,1% em relação à receita líquida. O lucro operacional foi de R$ 170 milhões, com margem de 12,1%. O índice em inglês, que representa o resultado operacional antes de despesas financeiras líquidas, depreciação, amortização e arrendamentos, foi de R$ 526 milhões, com margem de 37,4% e crescimento de 127,7% em relação ao valor apresentado em 2002 (R$ 230 milhões, com margem de 34,1%). Este resultado coloca a Gol entre as companhias aéreas mais rentáveis do mundo. Só para comparar: a Varig fechou o ano com um prejuízo de R$ 1,8 bilhão; a TAM conseguiu um lucro de R$ 173,8 milhões, considerado um dos maiores da
história da companhia; a Transbrasil morreu e a Vasp está na UTI, com um prejuízo de R$ 15,9 milhões.

Foi um crescimento espetacular o da novata Gol, considerando o recuo de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Significou praticamente dobrar a receita líquida da companhia em relação a 2002, atingindo R$ 1,4 bilhão, e expandir em 49% a oferta de assento, com utilização da frota 52% superior ao ano anterior. Com esses resultados, o índice de aproveitamento das aeronaves foi de 64% e a companhia registrou média de 19,2% de participação de mercado. E mais: com credibilidade no bolso, ganhou um sócio capitalista, a americana AIG Capital Partners. “O crescimento se deve à manutenção de sua filosofia de baixos custos e baixas tarifas, oferecendo transporte aéreo de maneira simples, objetiva e confiável”, disse Constantino de Oliveira Júnior, presidente da empresa.

Ele não fala dos entraves que a companhia enfrenta, como as restrições a seu crescimento impostas por instituições governamentais que controlam o setor. Não é difícil concluir que num mercado nebuloso como o da aviação comercial retaliações não seriam surpreendentes. Ainda mais contra uma empresa que tem as tarifas mais baixas do mercado, aviões novos, não depende do dinheiro do governo e goleia seus outrora poderosos concorrentes com criatividade. A Gol não oferece refeição a bordo, o que pode ser bem melhor do que enfrentar as refeições oferecidas aos passageiros da classe econômica nos vôos das concorrentes.