Max G Pinto

Ganho: os movimentos da prática melhoram a flexibilidade das articulações

Criado na China, o tai chi chuan conquistou praticantes no resto do mundo. Um dos atrativos dessa arte marcial caracterizada por movimentos lentos e harmônicos foi o de que ela reduziria o stress e contribuiria para melhorar a saúde. Agora, um novo estudo comprova que a luta apresenta benefícios, pelo menos em relação à artrite (processo inflamatório das articulações). A pesquisa foi feita no Centro Médico Tufts-News (EUA). Os cientistas revisaram 47 trabalhos sobre os efeitos da atividade e constataram que ela melhora a lubrificação e a flexibilidade dessas estruturas. Isso facilita os movimentos dessas regiões, prejudicados pela doença. E, como os exercícios são feitos devagar, o risco de lesões é baixo. O trabalho foi publicado no respeitado Jornal da Associação Médica Americana.

Na verdade, esses resultados já são observados por aqui, na prática. Em alguns consultórios, a arte marcial está sendo recomendada como auxiliar no controle da artrite. O reumatologista Sebastião Radominski, de São Paulo, por exemplo, indica a prática a seus pacientes. “É um bom recurso coadjuvante. Mas ela deve ser associada ao uso de remédios para tratar a inflamação”, diz. O médico recomenda, porém, que os exercícios sejam praticados apenas pelos pacientes que apresentam graus leves de artrite. Na doença em estágio avançado, quando as articulações se deformam, determinados movimentos podem até agravar o quadro.

A mesma cautela é compartilhada por Geanne Kuk, de São Paulo, professora
da arte marcial. De acordo com ela, como o tai chi chuan é realizado em pé, ele
exige bastante o uso do joelho, das pernas e dos tornozelos. Dessa maneira, se alguma dessas estruturas estiver muito inflamada, o exercício é contra-indicado. “Primeiro é necessário promover o fortalecimento dessas regiões com fisioterapia e só depois introduzir a arte marcial”, explica. O tai chi também vem sendo usado
para amenizar o stress. “Enquanto os exercícios são feitos, a respiração deve ser profunda e tranquila, o que alivia as tensões e ajuda a regular os batimentos cardíacos”, explica Maria Ângela Soci, diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental. Além disso, os movimentos auxiliam no treinamento da atenção e concentração.

Mesmo sendo praticado com fins terapêuticos, não se pode esquecer que o princípio básico do tai chi chuan é ser uma arte marcial. “Isso significa que é necessário um pouco mais de tempo para aprendê-la e conseguir ter resultados na saúde”, afirma Maria Lúcia Lee, professora de artes corporais da Universidade de Campinas (SP). Às vezes, isso pode levar até um ano. A luta pode ser conduzida com mais de 100 movimentos. Por isso, os praticantes precisam ter um pouco da paciência oriental para colher os benefícios da técnica.