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Idéias: Alves da Silva, Mello, Haddad e Lima ajudaram a elaborar as propostas reunidas por Belluzzo (em destaque)

Ironia com um tom de crueldade: não existe espaço para todos os formados de nível superior no mercado, mas é certo que o País precisará, no futuro, de um número ainda maior desses profissionais do que o produzido atualmente. O Brasil tem a menor relação de universitário por habitante da América Latina – 11 por cada mil, contra 28 por mil. No outro extremo, o MEC mostra que o poder aquisitivo do brasileiro sobe em média 13% por ano de curso superior completado, ainda que o aluno não se forme. Por isso, a reforma universitária pretendida pelo governo Lula é um dos projetos do governo aguardados com ansiedade. Representantes do MEC, do Congresso, da sociedade, educadores públicos e privados iniciam o mergulho num processo de mudanças que poderá ampliar o número de vagas, democratizar o acesso e dar autonomia de gestão às universidades, além de criar novas formas de financiamento para o ensino superior público.

Um dos grupos pioneiros nesses debates é o ativo Instituto Metropolitano de Altos Estudos (Imae) da UniFMU, de São Paulo. No domingo 9, ele divulgará a III Carta de São Paulo – Educação, um resumo das conclusões do recente seminário A reforma universitária e o desenvolvimento brasileiro, realizado com a participação, entre outros, dos educadores Arnaldo Niskier e Fernando Haddad, do ex-reitor da Universidade Federal de São Carlos, Newton Lima Neto, do ministro do STF Marco Aurélio Mello, do jornalista Rodolfo Konder e do jurista Ives Gandra da Silva Martins.

A Carta foi relatada pelo economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo. “A valorização e a formação do professor vêm em primeiro, em segundo e em
terceiro lugares”, enfatiza o relator. ISTOÉ antecipa os principais pontos:

• “É imprescindível e urgente a melhoria da educação básica, em todos os seus segmentos – educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e alfabetização
de jovens e adultos.”

• “Devem merecer a mesma atenção especial a reformulação dos projetos pedagógicos e a valorização do professor do ensino básico, por meio, entre
outros, de remuneração adequada às suas responsabilidades para com o
educando e com a sociedade. (…) Da mesma forma é preciso que se cuide das próprias condições da educação superior, em especial das licenciaturas, indispensáveis à qualificação docente.”

• “É essencial, como providência primordial, a implementação da autonomia financeira, didática e administrativa da universidade, tal como previsto na Constituição e à semelhança das universidades estaduais de São Paulo.”

• “É imprescindível ampliar a oferta de bolsas e diversificar as fontes de financiamento para os programas de crédito educativo. É desejável que as instituições particulares, que já cumprem um papel importante na oferta de vagas, sejam estimuladas a integrar com maior intensidade os esforços nacionais para o incremento da pesquisa, a produção de novos conhecimentos e a promoção da educação que o País almeja e precisa.”

O presidente da entidade mantenedora da UniFMU e organizador do seminário, professor Edevaldo Alves da Silva, ficou satisfeito com o texto final da carta. “Se as sugestões forem concretizadas por quem de direito, teremos a verdadeira reforma da educação brasileira”, completa ele. É o que milhões de jovens brasileiros esperam.