Acordo? Que acordo?

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem cobrado do governo o cumprimento do acordo segundo o qual, na última eleição para presidente do Senado, teria havido um acerto entre o PMDB e o governo que resultou na eleição de José Sarney (PMDB-AP) para presidente do Senado, com a garantia de que ele, Renan, seria o próximo ocupante do cargo. Quem fala é o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP): “O acordo de que eu participei foi outro. Na verdade, já estava claro que Sarney seria presidente do Senado. Eu chamei o Renan e disse para acertarmos a sua reeleição para líder do PMDB. E este acabou sendo o acordo de que participei: Sarney, no comando do Senado, e Renan, reeleito líder. É claro que ninguém imaginou a hipótese da reeleição de Sarney. Mas ninguém explicitou que Renan seria o sucessor de Sarney. Talvez isto tenha ficado implícito para o Renan. Confesso que nós todos acreditávamos que essa era a principal hipótese, mas nunca a vi explicitada como um acordo.”

Ser ou não ser?

Ricardo Stuckert

Na última reunião da cúpula do PSDB, o presidente do
partido, José Serra (foto), cobrou uma definição dos
candidatos a prefeitos das capitais. Ouviu do provável concorrente a Maceió, Teotônio Vilela Filho: “Se você anunciar sua decisão de concorrer a prefeito de São Paulo, terá mais moral para cobrar de todos nós.”

Data marcada

Não passa de maio a decisão sobre qual será o caça que o Brasil comprará para substituir os velhos Mirage da FAB. Lula planeja fazer o anúncio antes de embarcar para a China, no dia 20. A idéia é transformar o gasto de quase US$ 1 bilhão em marco de retomada do crescimento, com geração de empregos e tecnologia na indústria nacional. O ministro da Defesa, José Viegas, foi derrotado.

Ninguém ganha

José Cruz/ABR

O ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (foto),
um dos caciques do PMDB, tem aconselhado o
presidente Lula que fique o mais distante possível
da disputa entre Renan Calheiros e José Sarney.
“É o jogo do perde-perde. Ninguém ganha nessa
história”, argumentou Eunício. E Lula aquiesceu.

Apartamentos funcionais

O presidente do Senado, João Paulo Cunha, quer acabar com o auxílio moradia, pago aos parlamentares que moram nos hotéis de Brasília. Pretende que todos voltem aos apartamentos funcionais. O problema é arranjar cerca de R$ 18 milhões para reformar os apartamentos. E aprovar um aumento salarial aos deputados, equivalente aos R$ 3 mil mensais do auxílio moradia.

Rápidas

• Pergunta de ISTOÉ ao presidente do PMDB, Michel Temer: “O PMDB tem surpreendido o governo em algumas votações. Alguma coisa anda muito
mal entre o seu partido e o governo. O senhor pode explicar?”

• “Claro que posso explicar. O governo quer a adesão do PMDB. Mas não há um projeto de coalizão PMDB-PT. É aí que está a origem dos problemas. Querem nossa adesão, mas não oferecem uma participação efetiva no governo”, disse Temer.

• “O senhor já falou sobre isso com alguém no governo? Já advertiu sobre a gravidade do problema e os riscos de novas surpresas?” Resposta de Temer: “Falei com o ministro-chefe da Coordenação Política, Aldo Rebelo. E ele concordou.”

• “E nada mudou?” Reposta de Temer: “Esse é outro grande problema do governo. Há uma distância muito grande entre a palavra e a ação. Eles concordam com todas as críticas. Mas não há uma ação efetiva visando solucionar os problemas.”

• “Então o senhor diria que há algo de muito errado no governo?”, pergunta ISTOÉ. Resposta do presidente do PMDB: “Eu diria que o governo está patinando há muito tempo e já é hora de parar com isso.”