Confira, em vídeo, as propagandas da Max Factor protagonizadas por Madonna em 1999 :

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Nunca houve uma mulher como Gilda”, dizia a campanha publicitária sobre a personagem vivida por Rita Hayworth em filme de mesmo nome lançado em 1946. Nenhum contemporâneo da produção ousaria discordar do slogan que elevava a símbolo sexual máximo a atriz que protagonizou uma clássica cena de strip-tease na produção. O que seus admiradores talvez não soubessem é o nome de um dos principais responsáveis pela beleza da diva, Max Factor. Sob os cuidados dele, Margarita Cansino, nome real da atriz, tingiu os cabelos de ruivo, fez eletrólise para remover os fios da testa, deixou os lábios carnudos, as sobrancelhas delineadas, as maçãs do rosto destacadas e se tornou um mito. Factor, por sua vez, entrou para a história como o pai da maquiagem moderna e o criador de produtos indispensáveis na nécessaire de qualquer mulher, como o rímel, a sombra, a base, os cílios postiços, o gloss, o lápis para sobrancelha e a maquiagem à prova d’água. A vida desse polonês de família humilde, que criou uma marca de cosméticos poderosa e deixou seu nome na calçada da fama e no hino oficial de Hollywood, é contada em detalhes no livro “Max Factor, o Homem que Mudou as Faces do Mundo” (Ed. Matrix), de Fred E. Basten, recém-lançado no Brasil.

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A maquiagem entrou na vida deste polonês aos 9 anos de idade, quando ele se tornou aprendiz de um fabricante de cosméticos. Mais tarde, foi responsável pelas maquiagens da Grande Ópera Imperial Russa e, em seguida, virou cosmetólogo oficial da Corte Imperial. A realeza controlava de tal forma sua vida que ele decidiu fugir para os Estados Unidos com a esposa e os filhos. Em 1908, quando o judeu Max Factor chegou a Los Angeles, a maquiagem era algo destinado apenas a mulheres de reputação ruim ou, no máximo, a atores de teatro, para quem ele ofereceu seus préstimos. Nessa época, o cinema começava a se tornar uma realidade. Os closes e as iluminações próprias dos filmes traziam desafios para a maquiagem que só um visionário poderia resolver. A base era uma camada grossa que rachava a qualquer movimento do rosto. O polonês recém-chegado à “Terra das Oportunidades” resolveu o problema em 1914, com a criação de uma base de consistência ultrafina, que imediatamente se tornou item de primeira necessidade. Depois disso, a cada desafio lançado pelo cinema, Factor criava um novo produto. “Ele é o maquiador mais importante de todos, até porque é o primeiro”, diz Vanessa Rozan, do Liceu de Maquiagem.

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Em pouco tempo, os atores perceberam como os cosméticos poderiam ajudar em seu trabalho e Factor se tornou o queridinho de divas como Katherine Hepburn e Bette Davis. Seus conselhos de beleza eram seguidos sem questionamentos. Quando a atriz Phyllis Haver confessou a ele seu desejo de deixar os papéis em comédias para representar personagens dramáticos, Factor criou para ela os cílios postiços. Ele era tão perfeccionista com seu trabalho que, em 1932, criou uma máquina com ares futuristas que media minuciosamente o rosto e o ajudava a verificar onde estavam as desproporcionalidades que deveriam ser corrigidas com a maquiagem. A invenção foi batizada de Calibrador de Beleza.

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O fascínio que as estrelas de cinema passaram a exercer na sociedade ajudou, aos poucos, a quebrar o tabu em torno da maquiagem. No início dos anos 1920, o polonês criou sua linha social. Obviamente, os novos costumes não foram aceitos imediatamente. Um projeto de lei do Kansas chegou a tentar transformar em contravenção o ato de qualquer mulher com menos de 44 anos usar cosméticos “com o intento de criar uma falsa impressão”. Por sorte, a genialidade de Factor (1877-1938) na arte de “zelar pela formosura”, como ele dizia, venceu os preconceitos. Sem nenhuma imperfeição na pele, as mulheres de hoje agradecem.

Fotos: ARALDO DI CROLLALANZA/Rex Feat; Coburn, Bob /Columbia/The Kobal Collection


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