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Um dos endereços mais chiques e valorizados do mundo – a Park Avenue, no coração de Manhattan, em Nova York – deve abrigar em breve o apartamento mais alto e mais caro dos Estados Unidos. Batizado de 432 Park Avenue, um espigão de 426 metros de altura e cerca de 100 andares se tornará em 2015 (ano previsto para seu lançamento) o maior edifício residencial do país. Composto por 122 unidades com vista privilegiada para o Central Park, o condomínio promete também bater recorde de preço. Apenas a cobertura de 767 metros quadrados e seis quartos deve custar US$ 85 milhões, aproximadamente R$ 171 milhões. Com dimensões comparáveis às dos maiores arranha-céus comerciais nova-iorquinos, o empreendimento reforça uma nova tendência do mercado imobiliário de luxo: habitar prédios cada vez mais altos, que oferecem apartamentos a preços tão estratosféricos quanto o comprimento desses edifícios.

A procura por prédios residenciais com mais de 40 andares começou nos Estados Unidos há 15 anos. Os atentados de 11 de Setembro de 2001 e a crise econômica de 2008, no entanto, esfriaram os ânimos dos possíveis compradores. Agora, o mercado residencial começa a olhar novamente para o topo. Segundo um levantamento feito por imobiliárias americanas, dos 100 prédios mais altos no mundo hoje, apenas 41 são comerciais – em 2000, esse número chegava a 85. E a paisagem de Nova York já está sendo modificada por essa tendência. No fim de 2011 foi inaugurado o New York by Gehry, prédio assinado pelo conceituado designer Frank Gehry, e atualmente o edifício residencial mais alto da metrópole americana. Localizado no distrito financeiro de Manhattan, próximo a Wall Street e à Freedom Tower (Novo World Trade Center), ele possui 265 metros de altura e 76 andares. Seus apartamentos, contudo, não podem ser comprados – estão disponíveis apenas para aluguel. Quem quiser locar a cobertura, por exemplo, precisa desembolsar mensalmente cerca de US$ 60 mil.

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O posto de edifício residencial mais alto de Nova York, porém, logo deve ser ocupado por outro empreendimento audacioso. Com inauguração prevista para 2014, o One57 terá 306 metros de comprimento e 90 andares. Em setembro, a cobertura do prédio, um apartamento duplex que ocupará o 90º e 89º andares, foi vendida por US$ 90 milhões a um comprador anônimo. Diferentemente do New York by Gehry, essa construção, no entanto, terá uso misto, abrigando, além dos apartamentos, um hotel. Característica que a aproxima do conceito inicial de arranha-céu, edifício projetado para ser uma cidade vertical, como explica Ênio Moro Júnior, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo. “Os arranha-céus surgiram para abrigar em um mesmo espaço diversas funções, mas, com o tempo, acabaram se tornando monofuncionais, como no caso dos espigões apenas comerciais ou residenciais”, diz.

Apesar da vista incomparável, morar em um prédio com cerca de 100 andares também tem suas desvantagens. “A partir do 40º andar, não é possível ter uma área externa e nem mesmo abrir as janelas, já que o vento nessa altura é muito forte”, explica Moro Júnior. Outro problema são os elevadores. Com a tecnologia atual, não é possível subir 100 andares em um mesmo elevador. “Quem mora no topo tem que trocar de elevador a cada 30 andares, mais ou menos”, diz ele. Ainda que existam alguns contratempos, o especialista defende a construção dos arranha-céus residenciais. “Esses projetos abrem caminho para a arquitetura evoluir. São prédios inteligentes, com sistemas de automação predial modernos e representam uma ótima solução para adensar grandes centros urbanos”, diz. Segundo Moro Júnior, esse tipo de construção, no entanto, ainda deve demorar para chegar ao Brasil. “A tecnologia necessária para construir edifícios dessa altura ainda é muito cara por aqui, o que os torna financeiramente inviáveis.”