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Poderia estar acontecendo hoje, com os seguidos ataques a embaixadas americanas nos países árabes, mas o fato se deu há mais de 30 anos. Seis diplomatas dos EUA tiveram de se refugiar em uma casa em Teerã, capital do Irã, enquanto militantes islâmicos ocupavam praças e ruas. Para salvá-los da fúria dos manifestantes, agentes da CIA valeram-se de disfarces, documentos falsos e de um plano arriscado para enganar os revoltosos: produzir um suposto filme. O inacreditável relato de “Argo” (Intrínseca), narrado em cenas de ação, suspense e drama, também será mostrado nos cinemas no filme homônimo que estreia no dia 9 de novembro. Da vida real para a ficção, Hollywood se torna personagem central na figura do maquiador Jerome Calloway, que colaborou com a CIA em diversas operações e ajudou a montar a farsa comandada por Antonio (Tony) Mendez, diretor do departamento de disfarces da agência americana e também autor do livro.

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Relato pessoal
O ex-agente da CIA Antonio Mendez ocultou
a história por 17 anos: ordens superiores

A história se passa em plena Revolução Iraniana em 1979. Para obrigar os EUA a devolver o xá Reza Pahlevi (1919-1980), antigo governante que se exilara com o início das revoltas, manifestantes invadiram a embaixada americana e fizeram 66 reféns. Em meio aos distúrbios, seis diplomatas se refugiaram na citada residência, mantida pela Embaixada do Canadá. O contexto da crise diplomática é apresentado em meio a comentários sobre o Islã e a onda antiamericana reinante. Em nome de interesses político-econômicos (leia-se reservas de petróleo), os EUA haviam apoiado o regime ditatorial do xá Reza Pahlevi e se opuseram ao governo do Aiatolá Khomeini (1902-1989). O líder religioso chegou ao poder com forte apoio popular. Ele prometia um retorno aos valores ancestrais em oposição à “ocidentalização” promovida pelo antecessor e chancelada pelo governo do então presidente Jimmy Carter (1977 a 1981). Descritos como ingênuos e paranoicos, os iranianos são os vilões da história de Mendez.

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Usando princípios de “mágica, diversionismo, enganação e negação”, os espiões americanos se infiltraram no Irã e forjaram a produção do filme “Argo”, um “empreendimento” que previa pesquisas de locação e formação de uma equipe cinematográfica. Assim, conseguiriam resgatar, disfarçados, os funcionários da administração dos EUA que resistiam na residência do embaixador canadense. Contado em primeira pessoa pelo personagem-chave desse engodo diplomático, o livro revela uma história que ficou escondida durante 17 anos e traz detalhes da operação e do funcionamento da agência americana de inteligência.

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TENSÃO E ALÍVIO
Alguns dos 66 reféns americanos sob poder dos militantes iranianos (à esq.) e os seis
diplomatas resgatados, com o presidente Jimmy Carter: participação até de maquiador

O leitor é informado sobre os meandros do “diálogo” dos EUA com outros países, especialmente os do Terceiro Mundo. A interferência na política interna do Irã também é examinada, não faltando críticas à condução dos fatos traumáticos pelo presidente Carter, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2002. Conhecido como “crise dos reféns”, o episódio só terminou 444 dias depois da invasão da embaixada, na posse do novo presidente, Ronald Reagan. Bem antes disso, em janeiro de 1980, a CIA conseguiu retirar os diplomatas com ajuda dos ardis comandados por Mendez. Os ingredientes políticos, a ação em alta velocidade e o debate sempre atual do conflito entre Ocidente e Oriente dão contornos de best seller (ou blockbuster) à narrativa. Não faltam, contudo, os que consideram o depoimento em forma de thriller político uma grande “patriotada”, bem ao estilo de “Independence Day”.  
 

Fotos: Bettmann/CORBIS; Divulgação