Max G Pinto

Mercado comum: Rodrigo Mesquita, da Radium Systems, que desenvolveu o projeto

Reunir no mesmo ambiente um grupo de empresas, seus fornecedores e instituições de crédito e pesquisa não é tarefa fácil. Gerenciar todo esse conhecimento e ainda fazer com que todos se comuniquem e troquem informações em uma complexa rede virtual que utiliza tecnologias abertas e softwares livres é ainda mais difícil. Mas não impossível. Prova disso é a rede digital inaugurada na quarta-feira 28 pelo Sindicato das Indústrias de Calçado e Vestuário de Birigüi. Com mais de 160 empresas e e o apoio de várias instituições de ensino e pesquisa, o ambiente virtual pretende ser a principal via de comunicação para levar competitividade e conhecimento às companhias do pólo calçadista da região. “A idéia foi criar uma espécie de mercado comum de conhecimento entre eles”, resume Rodrigo Lara Mesquita, diretor da Radium Systems, empresa responsável pelo desenvolvimento e montagem da rede. O projeto consumiu R$ 700 mil em investimentos.

Versão empresarial dos grandes portais que conhecemos na internet, o ambiente virtual (também conhecido como gestão de conhecimento) foi desenvolvido para ser acessado prioritariamente pelo grupo de empresas que aderiu ao projeto. O objetivo principal é criar uma espécie de sinergia entre todos os integrantes da cadeia produtiva do setor de calçados da região e, no futuro, do País. No caso de Birigüi, situada a 500 quilômetros da capital paulista, além das 166 indústrias fabricantes de calçados, fazem parte do programa instituições de ensino e pesquisa, bancos e toda a cadeia de fornecedores de matéria-prima e serviços.

Também estão presentes entidades locais que dão apoio ao setor calçadista, como os sindicatos, a Prefeitura de Birigüi, o Sebrae e o governo estadual, através da Secretaria de Ciência e Tecnologia. O internauta pode acessar o site www. sindicato.org.br para ver os catálogos de produtos e conhecer um pouco da história do calçado e dos seus fabricantes. Clientes e representantes comerciais poderão utilizar o site como um canal de relacionamento com as companhias.

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Mundo real: indústria calçadista de Birigüi emprega 24 mil trabalhadores

Para dar agilidade aos acessos, o portal foi dividido em oito áreas, escolhidas de acordo com as dificuldades enfrentadas pelas empresas. Todas as áreas, como produção, tecnologia da informação, compras e desenvolvimento de produtos, por exemplo, terão o apoio de universidades como a Universidade de São Paulo (USP) por meio de seus institutos de pesquisa. “Eles vão ajudar as companhias a escolher o melhor caminho”, diz Samir Nakad, presidente do Sindicato da Indústria de Calçado de Birigüi.

O pólo calçadista de Birigüi emprega 24 mil pessoas (18 mil empregos diretos e seis mil indiretos) e ocupa 60% da mão-de-obra da região. As empresas movimentam cerca de R$ 1,3 bilhão por ano e produzem 55 milhões de pares de calçados anualmente. Segundo Nakad, um dos pontos altos do projeto será a inserção das pequenas e microempresas – que representam mais de 80% das indústrias da região – no mundo digital. “Elas são a grande maioria, mas não tinham tempo nem dinheiro para entrar no mundo virtual.” Agora, com o portal, terão espaço e voz e, se tudo correr como o previsto, ganharão um lugar maior no mercado.