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TEM MAIS?
Sem o carisma de Steve Jobs, Tim Cook apresenta o iPhone renovado

Em 2007, quando a Apple lançou o iPhone, a empresa de Steve Jobs inaugurou um novo paradigma no mercado de celulares. O aparelho da Apple não foi o primeiro smartphone do mundo, mas foi pioneiro a explorar o conceito de multitoque – a tela entende mais de um ponto de contato, permitindo que se faça zoom em uma imagem, por exemplo – em um dispositivo móvel. Alie-se a isso a uma vocação para ser um aparelho multimídia, com a facilidade de exibir fotos e vídeos, comandos intuitivos, uma infinidade de aplicativos disponíveis, design atraente e o fetiche de marca inovadora e está pronta a receita que criou um dos produtos mais cobiçados já inventados.

A partir disso, a cada lançamento de uma nova versão do celular, especialistas e “applemaníacos” ficam na expectativa de que algo extraordinário irá acontecer. Esperam sempre que a Apple vá surpreender novamente como fez em 2007. Foi, em parte, o que aconteceu na quarta-feira 12 durante o aguardado anúncio do iPhone 5. Sem muitas surpresas, a apresentação da Apple apenas confirmou as informações que já haviam vazado na internet: o novo aparelho vem com uma tela maior, está mais fino e leve e, apesar de trazer outras mudanças, é um aperfeiçoamento de algo que já existia, não um aparelho de fato inovador.

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“Pode ter sido decepcionante para quem esperava grandes novidades. Pouca coisa mudou”, diz Charlotte Miller, analista de dispositivos móveis da empresa inglesa de pesquisas Juniper Research. “Mas o que parece ter melhorado bastante foram os gráficos e a velocidade do sistema iOS6”, afirma a especialista. Uma mudança que vale destacar é que o iPhone5 vem preparado para o 4G LTE, rede de alta velocidade das operadoras de telefonia móvel, ainda não disponível no Brasil. O problema é que o 4G daqui funcionará em uma frequência diferente da usada nos Estados Unidos. Portanto, se não houver uma adaptação para o mercado brasileiro, o aparelho só poderá ser usado na rede 3G.

O sistema de mapas do iPhone5 também está diferente. A Apple rompeu a parceria com o Google, fornecedor desse serviço para as versões anteriores do aparelho. Criou seu sistema próprio de GPS e uma navegação 3D rotacionada, que permite ver uma rua com profundidade e de diferentes ângulos. A assistente pessoal Siri ganhou novas funções. Agora, além de enviar mensagens, fazer ligações e marcar lembretes por comando de voz, o sistema informa placar e agenda de jogos esportivos e ajuda a fazer reserva em restaurantes. Outra novidade é a adesão à tecnologia NFC (near-field communication, ou “comunicação por aproximação”). Em alguns países esse sistema já é usado para pagamentos digitais: basta aproximar o aparelho da máquina leitora para o valor ser debitado do cartão de crédito. Outras fabricantes, como Motorola e Nokia, também embutiram o NFC em seus modelos de ponta mais recentes.

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Uma mudança que não agradou a todos os “applemaníacos” foram os novos design e tecnologia do conector que liga o iPhone ao carregador de bateria e a diversos outros acessórios comercializados pela Apple. Quem tiver esses dispositivos e quiser comprar a nova versão do smartphone vai precisar adquirir adaptadores – por US$ 29 cada um, nos EUA. “Teoricamente, esse conector é melhor, transmite os dados de maneira mais veloz, mas também pode ser uma estratégia para estimular os clientes a trocarem seus equipamentos”, diz Almir Meira Alves, professor de redes de computador da faculdade de tecnologia Fiap, em São Paulo.

O especialista discorda que o iPhone5 seja uma decepção. Para Alves, apesar de o modelo vir de uma família de produtos já conhecida, ele representa uma mudança de patamar. “Os concorrentes vão correr atrás”, diz. “O poder de processamento dele é grande, e a tela, apesar de não ser a maior do mercado, entrega uma nitidez muito boa com o aumento na resolução”, afirma. Outro ponto destacado pelo professor é o sistema de correção de movimento para a gravação de vídeos, que evita aquela imagem de “arrasto” que aparece quando se filmam imagens em movimento. A câmera de 8 megapixel também não é inédita, mas a resolução duas vezes maior do que a anterior e tecnologias de correção de luz deram um upgrade no equipamento, em relação às versões anteriores. O novo iPhone também possibilita registrar fotos panorâmicas, funcionalidade já oferecida por outros aparelhos, como o Galaxy S3 da Samsung, mas que é novidade na Apple.

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Para Charlotte Miller, uma verdadeira revolução irá acontecer quando as fabricantes de celular conseguirem desenvolver baterias mais duradouras. O problema é que os consumidores se acostumaram a carregar cada vez mais funcionalidades em seus smartphones, dificultando a criação de um sistema que sustente todo esse gasto de energia. “Vai ser difícil voltar aos dias em que carregávamos o celular apenas uma ou duas vezes por semana”, diz a analista. Por enquanto, essa não parece ser a prioridade dos consumidores. O povo quer mesmo é aplicativo. 

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Foto: Justin Sullivan/Getty Images/AFP