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Levar o Vaticano ao mundo. Não se sabe bem quando essa ousada ideia foi apresentada ao então papa João Paulo II (1920-2005) por seu time de assessores. O que se sabe é que o sumo pontífice não só a aprovou, como fez uma apaixonada defesa dos benefícios de dividir com o mundo, em exposições itinerantes, as preciosidades artísticas, históricas e culturais que até então viviam enclausuradas nos 13 museus da cidade-estado. O projeto acabou saindo do papel só seis anos depois da morte de Karol Wojtyla, com a abertura, em 2011, da exposição “Esplendores do Vaticano”, nos Estados Unidos. Nela, 200 objetos cuidadosamente selecionados contaram os dois mil anos de história da instituição. Pois em 20 de setembro de 2012 será a vez do Brasil receber o tesouro de Roma. E ao País virão obras que não estavam nem na exposição americana, como peças ligadas ao próprio João Paulo II. “É a chance de ver o que só quem viaja até o Vaticano vê”, diz o padre Valeriano Costa, diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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Nos Estados Unidos, 1,5 milhão de pessoas aproveitaram a oportunidade. Por lá, a exposição passou por três cidades, sempre acompanhadas pelo olhar atento do monsenhor italiano Roberto Zagnoli, curador e responsável pelo acervo que agora está no Brasil. É sob a coordenação de Zagnoli que 25 técnicos estrangeiros, 70 brasileiros e 50 profissionais de produção trabalham para montar a exposição nos 6,2 mil metros quadrados de três pavimentos da Oca, pavilhão de exposições dentro do Parque do Ibirapuera, região centro-sul da capital paulistana. Profundo conhecedor das peças – durante 15 anos, Zagnoli foi diretor do departamento de etnologia dos museus do Vaticano –, o religioso diz se emocionar até hoje diante dos objetos. “Saber que estou frente a frente com o compasso usado por Michelangelo para dar substância à Capela Sistina sempre será impactante para mim”, afirma, sobre um dos destaques da exposição. Entre outras preciosidades estão as relíquias de São Pedro e São Paulo, um par de anjos de Gian Lorenzo Bernini, um molde das mãos de João Paulo II e um tijolo do túmulo de São Paulo (leia outros destaques nestas páginas).

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Reações parecidas com a de Zagnoli foram observadas entre os visitantes da etapa americana da turnê. Em uma das cidades por onde passou a exposição, por exemplo, o curador contou dez visitas de um mesmo casal. “As frases que as pessoas deixavam nos livros de visitas também indicavam o quanto elas foram tocadas”, diz Zagnoli. E não foram só os visitantes religiosos que narraram experiências relevantes. Como a história da Igreja se confunde com a da Europa e do mundo ocidental, pesquisadores, artistas e curiosos também aprovaram o que viram. “É o tipo de exposição que acaba agradando a todos os gostos”, diz Stephanie Mayorkis, diretora da T4F – Time for Fun, que trouxe a exposição para o Brasil. Esta é a primeira vez que o grupo de entretenimento investe em uma exposição com motivos religiosos. Acostumados a montar espetáculos para estrelas da música como Madonna, Lady Gaga e Luan Santana, eles viram na “Esplendores do Vaticano” uma ótima oportunidade de negócio. “Esperamos atrair algumas centenas de milhares de visitantes”, diz Mayorkis. Os ingressos custarão R$ 44, sendo R$ 52 a visita com hora marcada. A exposição vai até 23 de dezembro. 

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Fotos: Città Del Vaticano