Assista ao trailer : 

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Se alguém ainda tem dúvidas sobre o impacto dos filmes brasileiros “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” entre os jovens cineastas internacionais, elas caem por terra ao se assistir à ficção científica “Dredd 3D”, que estreia no País na sexta-feira 21. Em uma cena passada numa favela em formato de prédio de 200 andares, quando dois garotos aparecem empunhando armas de calibre mais grosso que seus braços, é quase impossível não se lembrar dos delinquentes mirins do longa-metragem de Fernando Meirelles. Difícil também não ter em mente as invasões dos morros liderados pelo Capitão Nascimento ao ver os corredores desse arranha-céu degradado ser percorrido pela “legião de juízes”, uma espécie de Bope do futuro. Essa inspiração apenas confirma a atualidade do policial “Dredd”­, personagem criado nos anos 1970 em pleno thatcherismo, mas que ainda traduz os desmandos da polícia em diversos países – chamado de juiz, o militar tem autoridade para prender, julgar e executar quem ele acha que deva ser justiçado. O filme endossa esse comportamento como se Dredd fosse o dono da justiça.

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Escolhido pela revista “Empire” como o sétimo maior personagem em quadrinhos, o Juiz Dredd tem traços que o diferenciam dos demais: é um anti-herói, representa o autoritarismo (alguns preferem fascismo) e usa a máscara (na verdade, um capacete no estilo grego) não para esconder a identidade como Batman ou Homem-Aranha, mas como forma de enfatizar a impessoalidade e a arbitrariedade de grupos de extermínio. Em 1995, Hollywood levou sua história para as telas com Sylvester Stallone no papel principal. A produção foi um fracasso, entre outras coisas porque o personagem tirou o capacete, algo imperdoável para os fãs. A versão atual, dirigida por Pete Travis, não comete a heresia. Crédito para o ator Karl Urban, conhecido por suas participações em “O Senhor dos Anéis” e “Jornada nas Estrelas”, que consegue dar vida a um tipo monossilábico e ainda prender a atenção apenas com truques de voz e pequenos movimentos faciais. Também com recursos limitados para um filme do gênero (US$ 45 milhões), Travis soma pontos ao apostar na inventividade. Contratou o roteirista Alex Garland (dos filmes de Danny Boyle), que criou uma trama enxuta, e o fotógrafo Anthony Dod Mantle (ganhador do Oscar com “Quem Quer Ser Um Milionário?”), que inova no tom saturado das imagens e no uso do 3D. “Trata-se de uma história policial futurista e eu quis contá-la da forma mais realista possível”, diz o cineasta.

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TROPA DE ELITE
Dredd (Karl Urban) e a sua ajudante Anderson (Olivia Thirlby): caça a traficantes

O cenário é pós-apocalíptico. Mostra a megalópole Mega City One, um aglomerado de 800 milhões de pessoas que se estende entre Boston e Washington, nos EUA, onde diariamente ocorrem 17 mil crimes. No topo da favela vertical chamada Peach Trees (pés de pêssego) atua a gangue de Ma-Ma (Lena Headey), uma ex-prostituta que comercializa a droga Slow-Mo, espécie de crack líquido que provoca uma percepção do tempo 99% mais devagar. As cenas em que os personagens estão sob o efeito desse alucinógeno são pretexto para o filme usar câmeras lentas ao velho estilo de Sam Peckinpah, mas com recursos muito mais fantásticos. É para deter o tráfico nessa região que Dredd e sua ajudante Anderson (Olivia Thirlby), dotada de poderes paranormais, se embrenham pelos andares sujos da torre macabra. O filme representa a tentativa inglesa de faturar no terreno das adaptações de quadrinhos, emplacou o primeiro lugar nas bilheterias do país e deve ter bom desempenho nos EUA, onde será lançado também no dia 21. Se faturar mais de US$ 50 milhões, vai dar origem a uma trilogia.