ISTOÉ número 1947 traz um texto de Joel Stein, da Time ? ?Um alimento cavalar? ?, em que se defende o consumo de carne de cavalo sob o simplório argumento de que é cruel matá-los, assim como ?matar frangos, porcos, vacas e carneiros é uma maldade igual?.

O erro básico dessa afirmação é que o cavalo não deve ser incluído na categoria de animais comestíveis, pois a sua relação com o homem é de total proximidade. Mais correto é colocá-lo ao lado dos bichos de estimação. Só não vive nas nossas casas porque o tamanho é grande e os quintais pequenos.

Quem pôde conviver de perto com um cavalo sabe disso. Sou um desses felizardos, cheio de histórias. Lembro do mangalarga Irerê, que abria porteiras empurrando com a cabeça; revejo a alegria do cruza-árabe Pão Doce, que bebia cerveja das mãos da minha mulher; mas destaco o puro árabe Solvang, parceiro inesquecível. Ao escutar minha voz, relinchava lá de longe, mesmo sem me ver. Quando recebia a sela era garboso, rabo empinado, orelhas em pé. Feliz! Vivemos momentos inesquecíveis, pelas trilhas de praias e montanhas.

O articulista da TIME justifica-se pelo consumo de carne de cavalo na Europa e na Ásia. Mas não explica que o hábito, aliás inexpressivo, veio pela fome, em tempos de guerra. E ele não entende por que o público americano resiste em consumir a ?iguaria?. Vou dar uma pista.

Quinze anos atrás, em viagem aos EUA, li reportagem no New York Times, com uma pesquisa/estudo sobre o relacionamento das pessoas com os animais. O título da matéria surpreendia: ?Horse, the best friend?. O cavalo ganhava a posição de ?melhor amigo do homem? porque não era penalizado com a resistência de pessoas aos latidos e mordidas de cachorros.

Dá para pensar em comer a carne desse amigão?