Pavel Wolberg/EFE

Vanunu: proibido de deixar o país, dar entrevistas e entrar em embaixadas

Os últimos dias têm sido de intensa movimentação em Israel. No sábado 17, o governo do primeiro-ministro Ariel Sharon reafirmou sua política de assassinato seletivo e eliminou o número dois do grupo terrorista palestino Hamas, Abdel-Aziz Rantissi. Rantissi substituía o líder Ahamed Yassin, morto há exatamente um mês. Os dois foram assassinados da mesma maneira, com mísseis disparados por helicópteros israelenses. Depois da morte de Rantissi e, consequentemente, do aumento do confronto entre palestinos e israelenses, jornalistas com dupla nacionalidade foram proibidos de entrar na faixa de Gaza. Na quarta-feira 21, um dos presos mais controversos de Israel foi colocado em liberdade. O ex-técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu, 49, cumpriu 18 anos de prisão por traição. Em outubro de 1986, ele concedeu uma longa entrevista ao diário londrino Sunday Times em que revelou detalhes e exibiu fotos do ultra-secreto programa de armas nucleares de Israel. Vanunu trabalhou por nove anos no reator nuclear de Dimona, no deserto de Negev.

Vanunu nem pôde ver a publicação de sua entrevista. Logo após a entrevista de 1986, o cientista nuclear foi seduzido por uma bela espiã israelense. Ela o atraiu até Roma, onde agentes do Mossad (serviço secreto israelense) já estavam prontos para sequestrá-lo e levá-lo imediatamente para Israel. Agora solto, sua liberdade é restrita. Durante um ano, ele não tem direito a passaporte, não pode deixar o país e muito menos passar perto de qualquer embaixada em Israel. E, claro, está proibido de falar, principalmente sobre segredos nucleares. Mesmo assim, continua desafiador: “Para aqueles que me chamam de traidor, eu estou orgulhoso e feliz por ter feito o que fiz”, afirmou Vanunu ao deixar a prisão.

Quando o assunto é capacidade nuclear, o governo israelense sempre adotou uma política de “ambiguidade”, não confirmando nem desmentindo a posse de artefatos nucleares. Israel se recusou a assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Mas as provas de Vanunu levaram os especialistas à estimativa de que o país possa ter até 200 ogivas nucleares. Por isso, Vanunu é unanimemente considerado um arquivo vivo e perigoso para a segurança nacional, mas, para os ativistas antinucleares, o israelense é visto como um herói.

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