Criatividade

Washington Olivetto ninguém esquece, como o sutiã da Valisère, o casal do Unibanco, o garoto da Bombril, o cachorrinho da Cofap, a mãe da estonteante Luma de Oliveira dizendo “fui eu que fiz” na propaganda recente da Skol, campanhas que saíram da W/Brasil, da qual ele é presidente e diretor de criação. Olivetto, mais uma vez, contraria sua mãe, dona Antonia – que considera tudo o que ele escreveu, e eventualmente venha a escrever, absolutamente impecável –, já no título que foi lançado na Bienal do Livro, em São Paulo: Os piores textos de Washington Olivetto, uma coletânea de textos de sua autoria publicados em dez anos.

Não se preocupe, dona Antonia. Seu filhinho de 52 anos está blefando. Mais uma vez ele escreveu muito bem, sem frescura e com muito humor. Olivetto conta histórias nas 234 páginas publicadas pela Editora Planeta. Histórias deliciosas, muitas vezes engraçadas, sempre talentosas. Tem textos de comportamento, roteiros turísticos paradisíacos, futebol, gastronomia, religião, música, cinema, sexo e, claro, publicidade. Não faltam críticas ao fato de os publicitários terem se transformado em celebridades – “o que é bastante verdadeiro e um tanto ridículo”. Ele conta que David Ogilvy, uma lenda na propaganda, também fez suas besteiras. “A mais famosa delas foi recusar a conta de uma empresa que estava começando por achar que aquele produto não tinha futuro. Era a Xerox.” Olivetto lembra de um outdoor que viu no centro de Londres, na Victoria Square em obras, que reunia o que há de melhor em uma das mais criativas propagandas do mundo: inteligência, humor, senso crítico e estético. O outdoor dizia: “Desculpe o incômodo, mas, para o bem de todos, estamos fazendo uma plástica nesta velha.”

Corintiano roxo, escreveu a orelha do livro Corintiano, graças a Deus, recém-lançado por d. Paulo Evaristo Arns, um dos mais dignos representantes da Igreja Católica batalhadora. Olivetto não perdeu a chance de pedir uma bênção: “Dom Paulo, aproveito esta cartinha para lhe fazer um pedido. Já que o senhor é assim lá com os ‘home’, não daria pro senhor conseguir a canonização do nosso santo Basílio?” Basílio foi o jogador que, em 1977, fez o gol que deu o título paulistano esperado pelo timão desde 1954. “Basílio é um santo homem. E de santo homem pra homem santo, como o senhor sabe (e é a maior prova disso), é só um passo.”