É uma pena que o presidente da República não enfrenta o caos dos aeroportos civis e movimenta-se com pontualidade nas bases aéreas militares, a bordo do “aerolula”. Já imaginou se o maior mandatário do País fosse vítima do apagão aéreo? Caso ficasse horas a fio “pagando mico” nos aeroportos, como aconteceu com Marta Suplicy, no dia em que foi a Brasília aceitar o convite de Lula para ser ministra do Turismo? Certamente seria educativo e obrigaria os responsáveis pela maior crise da aviação nacional a moralizar de vez o transporte aéreo, sem o qual um país-continente como o Brasil simplesmente não funciona.

Tolice imaginar que haverá uma solução rápida para o problema. Não se deve esperar muito de um governo que deixou a Varig à própria sorte no ano passado, mesmo sendo o maior credor da empresa. Milhares de passageiros foram vítimas do colapso da companhia e, como agora, mofaram nos aeroportos. No Natal passado, os passageiros da TAM foram os trouxas da vez. É muita incompetência.

Para piorar a situação, a opção de viajar por terra é trágica. As estradas federais estão em frangalhos. Quem se aventura entre São Paulo e Curitiba pela BR-116 enfrenta longos trechos esburacados em quase todos os 400 quilômetros que separam as duas capitais. Os caminhões fogem das crateras e trafegam nas faixas da esquerda. É uma vergonha, um desrespeito ao cidadão e à vida – isso, em dois dos Estados mais ricos. Imagine nos outros. O presidente deveria comprar um “rodolula” e pegar a estrada. Como nos tempos da Caravana da Cidadania, Lula sentiria na pele o Brasil real. E, quem sabe, pensaria duas vezes antes de reconduzir ao cargo o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, co-responsável pela tragédia das estradas brasileiras e, segundo o PFL, por um esquema de corrupção nos órgãos do setor nos Estados.


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