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Abertura dos jogos na quarta-feira 29

Todo esporte precisa de heróis. Eles inspiram, emocionam e entregam resultados como ninguém. O esporte paralímpico não é diferente. E hoje, nessa categoria, poucos carregam esse título com tanta propriedade quanto Daniel Dias, nadador paulista de 24 anos e grande destaque da equipe brasileira na Paralimpíada de Londres. Entre os dias 29 de agosto e 9 de setembro, Daniel, que nasceu com má-formação dos braços e da perna direita, disputará oito provas, sendo seis individuais e duas de revezamento. Espera-se que ele conquiste pelo menos quatro ouros – o primeiro já veio, nos 50 metros livre, na quinta-feira 30, acompanhado de um recorde mundial, com 32s05. “É bom começar com um recorde mundial. Em Pequim foi assim e espero repetir o desempenho”, afirmou, após o término da prova. Não será difícil. Nos Jogos Paralímpicos de 2008, ele levou nove medalhas, sendo quatro de ouro. Nos Parapan-Americanos de Guadalajara em 2011, no México, abocanhou 11 medalhas douradas. “Fico honrado por saber que esperam muito de mim”, disse ele, aparentemente tranquilo com a cobrança. “Agora é batalhar para entregar os resultados”, afirmou o atleta, responsável por empunhar a bandeira do País na abertura dos Jogos, na quarta-feira 29, que já começam quebrando recordes (leia quadro abaixo). Até a sexta-feira 31, o Brasil já havia conquistado seis medalhas: duas de ouro, duas de prata e duas de bronze.

Diferentemente da olímpica, a equipe paralímpica brasileira não depende do rendimento de alguns poucos heróis como Daniel Dias para atender às expectativas do torcedor e dos comitês que organizam as equipes. Para Sérgio Siqueira, um dos autores do livro “Dinastia Paraolímpica” (Ed. Senac Distrito Federal, 2008) e especialista em esporte paralímpico, a diversidade de talentos na seleção paralímpica é um dos trunfos dos brasileiros em Londres. “Somos fortíssimos em futebol de 5, temos chances no hipismo e no halterofilismo, e impomos respeito no atletismo e na natação. Temos atletas competentes em praticamente todas as modalidades”, afirma. “Treinamos muito para não errar e vamos entregar”, garante a animada Terezinha Guilhermina, do atletismo, que é dona dos recordes mundiais nos 100 metros, 200 metros e 400 metros rasos.

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E o momento exige muitas medalhas. O Brasil, como sede dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que acontecerão no Rio de Janeiro em 2016, precisa de bons resultados agora para garantir marcas ainda melhores em casa. “Em Londres queremos terminar em sétimo lugar no quadro geral de medalhas”, diz Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Um objetivo ambicioso, mas perfeitamente possível, uma vez que em Pequim o Brasil terminou em nono lugar, tendo vindo do 14o lugar nos Jogos de Atenas, em 2004. “Se atingirmos a meta do sétimo lugar em Londres, podemos falar em quinto lugar no Rio, daqui a quatro anos”, diz Parsons. A equipe olímpica brasileira se despediu de Londres em 22o lugar.

Seria o ponto alto de um círculo virtuoso do esporte paralímpico brasileiro que começou com uma engenhosa manobra midiática nos Jogos de Atenas, na Grécia. Depois de anos sem transmissão no País, o CPB resolveu comprar os direitos de televisão do evento e distribuir as imagens gratuitamente a quem quisesse reproduzi-las. “Foi uma aposta com o objetivo de tornar a categoria mais popular”, afirma Parsons. Deu certo. O interesse do público cresceu, os patrocínios para atletas e equipes aumentaram e a categoria passou a amealhar resultados e medalhas como nunca. Em 2008, nos Jogos de Pequim, e nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, em 2011, o CPB repetiu a fórmula, de novo com grande sucesso. Agora, em 2012, pela primeira vez na história dos Jogos Paralímpicos, uma grande rede de televisão aberta brasileira comprou os direitos de transmissão da competição e armou um grande esquema de cobertura. “O impacto que a divulgação pode ter é enorme”, diz Parsons. Daniel Dias, a estrela do Brasil, sabe bem disso. Foi depois de ver o nadador Clodoaldo Silva conquistar seis medalhas nos Jogos de Atenas, em 2004, que ele buscou a natação paralímpica. Hoje ele nada com Clodoaldo, o herói que o inspirou.

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