Nem o rock’n’roll escapou dos efeitos da estranha pneumonia que se dissemina pelo mundo, a síndrome aguda respiratória grave (Sars). Na semana passada, a banda inglesa Rolling Stones cancelou as apresentações agendadas para Hong Kong e Pequim, na Ásia. Eles tocaram recentemente em Cingapura, mesmo com escolas sendo fechadas por causa do surto. A suspensão do show foi uma medida prudente em face do aumento do número de pessoas com a doença – neste momento, o ideal é evitar a formação de aglomerações.

Até sexta-feira 28, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registrava 1.408 casos e 53 mortes, 34 delas na China. Apesar da dificuldade de determinar o agente causador da doença, os pesquisadores da rede mundial de laboratórios formada para investigar a enfermidade acreditam estar chegando perto do responsável. “Há fortes evidências de que um integrante da família dos coronavírus seja a causa primária da infecção”, disse Klaus Stöhr, virologista da OMS. Os coronavírus causam resfriados, entre outras doenças. Porém, ainda não está afastada a hipótese de participação de outro grupo de vírus, os paramixovírus (um deles causa o sarampo), também encontrados em alguns portadores da Sars.

Mas um encontro que reuniu 80 médicos de 13 países realizado na semana passada trouxe algumas certezas. Uma delas é de que a síndrome se transmite pelo contato próximo, possivelmente pelas secreções. É por isso que a população dos locais mais atingidos usa máscaras protetoras, como os estudantes e professores da Universidade de Hong Kong.

Outra constatação é de que a doença se apresenta de forma mais agressiva em cerca de 10% dos pacientes, em geral aqueles com mais de 40 anos e portadores de males cardíacos ou bronquite. “Mas o que se vê é que a maioria dos doentes melhora depois de uma semana”, diz o infectologista Celso Granato, da Universidade Federal de São Paulo. Para conter a expansão da doença, a OMS recomendou às companhias aéreas que submetam os passageiros de Hong Kong, Taiwan, Hanói, Cingapura e Toronto, no Canadá, a um questionário para avaliar o risco de serem portadores dos agentes causadores da Sars antes de embarcarem. A orientação é de que indivíduos com sintomas – febre alta, calafrios e tosse seca – sejam examinados e só sigam viagem depois de ser afastada a possibilidade da presença da síndrome.