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DESPEDIDA
A atriz Marylin Monroe, 15 dias antes de morrer ela fez Rizzo esperar por três horas

Muito antes de o cineasta Federico Fellini ter popularizado o trabalho dos paparazzi no filme “A Doce Vida”, em 1960, um fotógrafo italiano já era conhecido por registrar cenas íntimas e informais de artistas, milionários e jet setters. Seu nome é Willy Rizzo e sua fantástica galeria de imagens do universo do cinema, da arte e da moda está sendo exibida na mostra “Rizzo no Brasil”, a maior retrospectiva já feita de sua obra (Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo). De Marlene Dietrich a Claudia Cardinale, de Gene Kelly a Jack Nicholson, a constelação de estrelas é de congestionar qualquer tapete vermelho. Por anos fotógrafo número 1 da revista francesa “Paris Match”, Rizzo entrou para a história ao clicar a atriz Marilyn Monroe em Los Angeles duas semanas antes de sua morte, em 1962. Com 100 retratos muito bem selecionados, a exposição prova que esse não foi o único ponto alto de sua carreira.

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OUSADO
Com uma modelo em 1973, em foto de Oliviero Toscani:

"Nunca entrei pela porta de serviço", diz Rizzo

Embora fosse avessa a qualquer pessoa estranha em seu camarim, a diva da ópera Maria Callas o recebeu antes de uma estreia no Teatro alla Scala de Milão. Pôde ser vista sendo paramentada com joias por suas camareiras. Ao buscar pela esmeralda, nada. “Roubaram minha pedra”, teria gritado. Daqui ninguém sai. Rizzo, claro, obedeceu – e era tudo o que queria: ficar só com a soprano. A joia foi achada e os dois selaram uma amizade para toda a vida. O episódio inspirou o cartunista Hergé a criar o personagem do fotógrafo Walter Rizzoto nos quadrinhos de “Tin Tin”. Frequentador dos embalos da Côte D’Azur, Rizzo flagrou a atriz Brigitte Bardot no auge da beleza, saindo como pantera da cabine de um veleiro. Outro clique raro: John Wayne na cama, acabando de acordar. Mais um: Liz Taylor de biquíni tomando um suco em Cap D’Antibes. O que surpreende em todas as imagens é que as estrelas não se sentem invadidas na privacidade – ao contrário, revelam-se para a câmera. Cabe aqui uma explicação: Rizzo não era um paparazzo na acepção atual da palavra, que define o profissional especializado em roubar flagrantes de celebridades. Ele fazia imagens com consentimento do retratado e era por eles adorado. “Vivi uma época formidável em que podia me aproximar das maiores estrelas de Hollywood sem ter de vencer o obstáculo dos assessores de imprensa, dos advogados, dos agentes e de todos os pitbulls que atualmente as rodeiam”, diz o fotógrafo, hoje com 84 anos.

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FURÃO
O paparazzo flagrou Brigitte Bardot em um veleiro
em Saint-Tropez: frequentador dos embalos 

Filho de um casal de juízes de Nápoles, ele foi viver em Paris ainda garoto e começou a fotografar aos 16 anos. Após estagiar no estúdio Harcourt, tornou-se habitué nos sets de cinema, clicando bastidores de filmes e seus astros. Logo estava em Hollywood. Elegante, muito bem relacionado e conhecedor das regras do chamado “grand monde”, afirma que “nunca entrou pela porta de serviço”. Não à toa, era conhecido como o “príncipe dos paparazzi”. Chegar a Marilyn, por exemplo, foi fácil. Precisou apenas pedir emprestada uma mansão em Beverlly Hills para cenário e suportar o atraso de três horas da atriz. O que conta, nessas horas, é a agilidade. Antes da sessão com o pintor Salvador Dali, Rizzo já chegou com a ideia de usar lupas para distorcer o seu rosto.

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SURREAL
O pintor Salvador Dalí raramente se deixava fotografar. Rizzo o convenceu
a posar quando disse que sua imagem ficaria distorcida

“O segredo é descobrir logo o que sintetiza a personalidade de uma celebridade”, diz. Outra estrela que posou para ele, Marlene Dietrich, sentou-se no chão ouvindo um disco na vitrola. Rizzo lembra que ela não recebia pessoas com sapatos marrons. Como Roberto Carlos, o “Anjo Azul” tinha arrepios ao ver essa cor.