Somente agora, mais de dois meses depois do início das investigações sobre o propinoduto que levou para um banco suíço US$ 34 milhões desviados por quatro fiscais de renda e quatro auditores fluminenses, os primeiros resultados começam a aparecer. Depois de prestar depoimento na última semana, os fiscais Rodrigo Silveirinha, Carlos Eduardo Ramos, Lúcio Manoel Picanço e Rômulo Gonçalves foram indiciados pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. O gesto significa que as investigações da PF confirmaram que as contas no banco suíço são mesmo dos fiscais cariocas, como informou a reportagem publicada na edição 1737 de ISTOÉ. Nos próximos dias, vão prestar depoimento os quatro auditores fiscais, que também deverão ser indiciados. Apesar de já ter ouvido mais de 30 pessoas, a CPI da Assembléia Legislativa ainda não mostrou resultados concretos. Já o Ministério Público espera a resposta à carta rogatória enviada aos colegas procuradores da Suíça, que pede o envio ao Brasil das fichas
de abertura de contas no Discount Bank.

Depois de indiciar o grupo de fiscais e auditores, a PF quer mais.
Busca provas de envolvimento dos oito em casos de corrupção. O grande obstáculo é o temor de alguns empresários, que teriam sido achacados, de responderem a processo como corruptores caso façam as denúncias. As autoridades, no entanto, dispõem da lei apelidada de “delação premiada”, para atenuar ou até mesmo anular qualquer punição a quem der uma informação que ajude a esclarecer o caso. Na quarta-feira 26, parlamentares da CPI que investiga o propinoduto revelaram
que o fiscal Carlos Eduardo Ramos, dono do maior volume de dinheiro descoberto na Suíça – US$ 18,1 milhões –, fez um saque de uma conta sua no Brasil depois de 15 de janeiro, quando a Justiça decretou a indisponibilidade de seus bens. Em dois dias, R$ 968 mil reais foram sacados. “O problema não é do meu cliente, mas do banco que liberou
o saque”, rebate o advogado Clóvis Sahione, que defende Carlos
Eduardo e mais seis envolvidos no caso.